Há setecentos anos atrás, uma freira chamada Irmã Margarida foi enterrada viva nas paredes de uma casa abandonada. Ela havia sido condenada à morte pelo crime de bruxaria, acusada injustamente pelas autoridades locais.
Durante todos esses anos, a casa foi mantida intacta e devido à sua história sinistra, muitos evitavam se aproximar dela. No entanto, eu decidi alugar a casa e logo me arrependi do meu erro.
Eu sempre tive uma forte curiosidade pelo desconhecido e entrando naquela casa, senti que havia algo a ser descoberto. Sem demora, decidi procurar pelos restos mortais da Irmã Margarida.
Foi uma busca difícil, uma vez que a casa era bem grande e havia muitos lugares para procurar. Era como se algo ou alguém estivesse me observando o tempo todo, tornando a tarefa quase impossível.
Finalmente, encontrei o que estava procurando. Ao remover uma parede, encontrei uma pequena câmara com ossos humanos dentro. Eu não tinha certeza se eram realmente os restos mortais da freira, mas algo me dizia que sim. Foi então que tudo começou a dar errado.
Depois de encontrar os ossos, aconteceram coisas estranhas. Sons estranhos foram ouvidos em toda a casa, objetos se moviam sozinhos e as luzes piscavam. Comecei a sentir que não estava sozinho naquele lugar, como se algo ou alguém estivesse me observando constantemente.
Foi então que descobri que estava sendo assombrado pela Irmã Margarida. Ela estava com raiva por ter sido enterrada viva e agora queria vingança contra quem se aventurasse em sua casa.
Eu sabia que deveria fugir, mas algo dentro de mim me impulsionava a ficar e enfrentar o terror. Com coragem, lutei contra a energia maligna em busca de minha própria sobrevivência.
Depois de uma longa batalha, acabei escapando da casa mas não antes de sentir que algo havia me seguido para o mundo exterior. Eu sabia que a Irmã Margarida havia encontrado um novo hospedeiro para continuar sua vingança pelo que havia lhe sido feito. Desde então, evito passar perto daquela casa, temendo que ela esteja esperando por mim.
Desde aquela noite aterrorizante, minha vida nunca mais foi a mesma. A presença opressiva da Irmã Margarida continuava presente em meus pesadelos e eu sabia que ela ainda me observava de longe. Eu, porém, não podia deixar que isso me derrubasse. Eu precisava seguir em frente.
Mas, à medida que os dias passavam, coisas estranhas continuavam a acontecer dentro da minha casa. Algumas vezes, eu sentia uma presença fria e pesada mesmo quando estava sozinho em casa. Outras vezes, o ar parecia pegajoso e difícil de respirar. Às vezes, até mesmo minha gata parecia ter medo de um canto escuro da sala.
Eu decidi procurar ajuda. Comecei a pesquisar sobre reais casos de exorcismo e descobri que havia um padre bem próximo dali, que acreditava na existência de tais forças malignas. Foi então que marquei uma reunião com ele.
O padre Tadeu parecia ter muita experiência no assunto. Ele me ouviu atentamente e fez uma oração de proteção em meu apartamento. Senti uma paz duradoura e boa vontade depois da visita dele.
Mas, durante a noite, ouvi um som pesado dentro do meu armário. Estava tão alto que parecia que a porta iria se quebrar. Corri abrir a porta só para ver que dentro dele estava a imagem de nossas mães pintadas como espíritos demoníacos. Depois do susto e me acalmei, percebi que uma delas era muito parecida com a Irmã Margarida.
Seria a Irmã Margarida ainda querendo chegar à meu coração? Cortex que eu estava tendo paranóia e decidi que não podia me dar ao luxo de acreditar em coisas que não podiam ser comprovadas.
Nos dias que se seguiram, não houve mais nenhum sinal de presença maligna no meu apartamento. Pela primeira vez, eu pude respirar fundo e relaxar um pouco. Estaria tudo realmente resolvido?
No domingo seguinte, eu saí para almoçar com uns amigos na cidade próxima. Ao passar pela praça central, notei algo estranho. Uma mulher muito esquisita olhava para mim fixamente na praça. Não havia mais ninguém na praça, apenas nós dois.
Ela se aproxima e me segura pelo braço. "Tua mãe foi minha irmã. É a Irmã Margarida que quer falar com você", disse ela. Senti um ar frio no pescoço e me arrepiei da cabeça aos pés.
"Não posso fazer isso", disse eu. "Não posso falar com a morta."
"Posso ajudá-lo", ela disse. "Mas não posso fazer nada por você se você não me ouvir".
Eu não sabia mais o que fazer. A mulher não parecia disposta a deixar-me em paz. Eu não queria lidar com tudo isso de novo. Era hora de tomar uma decisão final: lutar ou fugir.
Eu escolhi lutar. Eu precisava encerrar esse ciclo e seguir em frente com a minha vida. A Irmã Margarida não iria mais me assombrar de novo. E assim foi. A história ficou para trás e nunca mais eu tive notícias dela.
Com o tempo, consegui me libertar do medo e construir uma vida nova. Ainda havia momentos em que me lembrava da Irmã Margarida e das coisas estranhas que aconteceram no passado, mas eu não deixava que isso me dominasse mais.
Eu finalmente comecei a viver novamente. Conheci pessoas incríveis, me apaixonei, viajei. Eu aprendi a apreciar as pequenas coisas da vida e a ser grato por cada dia.
No entanto, a experiência deixou uma marca em mim. Eu nunca mais pude visitar os corredores escuros de uma igreja sem lembrar do passado. Ainda tinha pesadelos recorrentes, mas nada que eu não pudesse superar.
Eu sabia que a vida não estava livre de desafios e perigos, mas agora eu tinha a experiência e a determinação para superar qualquer coisa. Eu finalmente consegui me libertar do passado e seguir em frente.
E enquanto eu caminhava em direção ao pôr do sol, senti uma brisa quente no rosto e soube que tudo iria ficar bem.
Eu continuei a caminhar pela estrada, respirando profundamente o ar fresco da natureza. O sol começou a desaparecer no horizonte, pintando o céu de laranja e rosa.
De repente, ouvi um barulho atrás de mim. Eu me virei e vi uma figura estranha se aproximando. Era uma senhora idosa, vestida com roupas pretas, com um olhar que parecia me atravessar.
Eu me encolhi, mas ela simplesmente sorriu e me cumprimentou. Eu não conseguia falar, apenas balancei a cabeça em resposta.
A senhora começou a conversar comigo, perguntando sobre minha vida e meus planos para o futuro. Eu tentava responder da melhor forma possível, embora o medo ainda estivesse presente.
Mas, aos poucos, a senhora foi me deixando mais à vontade. Ela falou sobre sua vida, sobre sua família, sobre os amigos que já foram embora. E eu comecei a me identificar com ela, sentindo uma empatia profunda.
Quando ela finalmente se despediu, eu estava grato por ter conhecido aquela senhora. Eu percebi que a vida é cheia de encontros, e que podemos aprender algo de cada pessoa que conhecemos.
Eu continuei minha caminhada, sentindo uma sensação de paz e liberdade. Eu sabia que havia superado meus medos do passado, e que estava pronto para enfrentar o que viesse a seguir.
E assim, caminhei em direção ao futuro, com a sensação de que nada poderia me impedir.