Mas assim que atravessei os portões de ferro enferrujados, soube que havia cometido um erro. O ar estava pesado com uma sensação de mau agouro, e o rangido do velho piso de madeira ecoava pelos corredores vazios. O papel de parede estava descascando e teias de aranha grudavam nos cantos do teto. Mas foram as manchas nas paredes e no chão, secas e marrons, que realmente fizeram meu coração disparar.
Tentei afastar a sensação de mal-estar e continuei pelo corredor, meus passos ressoando no silêncio. Os quartos estavam vazios, a mobília havia desaparecido, mas a atmosfera era sufocante. Era como se as paredes estivessem se fechando sobre mim e os sussurros do passado estivessem ao meu redor. Fiquei tentado a voltar, mas minha curiosidade levou a melhor sobre mim.
Finalmente cheguei a uma sala grande e aberta, com uma única cadeira bamba no centro. Aproximei-me com cautela e, quando estendi a mão para tocar o apoio de braço, ouvi uma voz sussurrar em meu ouvido: "Não se sente. Não se sente." Eu tropecei para trás, meu coração batendo forte no meu peito, mas não havia ninguém lá.
Eu soube então que precisava sair do asilo, mas a porta estava trancada e as janelas fechadas com tábuas. Eu estava preso. Os sussurros ficaram mais altos e eu podia sentir os espíritos do passado me cercando, se aproximando. Eu tropecei no escuro, desesperado para encontrar uma saída, mas todas as portas estavam trancadas.
E então, eu a vi. O fantasma de uma jovem, com cabelos longos e emaranhados e uma expressão triste. Ela estendeu a mão para mim, acenando para que eu avançasse, e eu a segui, impulsionada por uma necessidade desesperada de escapar. Ela me levou até uma porta entreaberta, e eu me espremi por ela, com o coração na boca.
O fantasma se foi, mas eu finalmente estava livre. Saí cambaleando do hospício, ofegante, e desabei na grama. O sol estava apenas começando a nascer, lançando um brilho quente sobre o mundo. Mas não conseguia me livrar da sensação de que o hospício ainda estava me observando, de que os fantasmas ainda estavam lá, esperando pela próxima vítima.
Nunca mais voltei ao asilo, mas a lembrança daquele lugar ainda me persegue até hoje. Sei que tive sorte em escapar, mas não posso deixar de me perguntar sobre os outros que entraram naquele lugar e nunca conseguiram sair. Ainda posso ouvir seus sussurros, ecoando pelos corredores, e ainda posso ver o rosto fantasmagórico da jovem que me salvou. E assim, sei que o asilo abandonado será sempre um lugar de medo, de horror e de morte.
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