quarta-feira, 10 de maio de 2023

O Convidado Astuto

Eu adoro sair para a natureza. Longe de toda essa agitação da cidade, ar sujo e incompreensão humana. 

Tive sorte, porque tenho uma casa em um vilarejo, que fica bem no meio da floresta. Como eu adorava sair por aí nos finais de semana... Por que eu adorava? Agora eu vou te contar.

Depois de uma dura semana de trabalho, como sempre, decidi sair da cidade. Pegou comida, jogou no porta-malas e partiu. Cheguei à noite, cansei na estrada e fui imediatamente para a cama. Adormeceu rápida e profundamente.

Acordei com o barulho do alarme de um carro. Bem, eu acho, talvez algum animal tenha fugido. Ele olhou pela janela, certificou-se de que não havia ladrões e cortou esse barulho terrível. Deitei-me novamente e tinha começado a adormecer quando o alarme tocou novamente. Sem me levantar, apertei o botão e tudo ficou quieto. Mas cinco minutos depois, o alarme tocou novamente. Bem, ok, uma vez... bem, duas vezes... mas mais... você começa a pensar no mal. 

Um pouco assustado, mesmo assim me levantei, desliguei novamente, mas não me deitei, mas comecei a observar pela cortina quem resolveu brincar assim no meio da noite. Eu estava olhando. E então vejo - atrás da luz da lanterna, a sombra de alguém começou a aparecer nos arbustos. E a sombra se aproximou do carro, mostrando seus contornos. Algo magro, com roupas pretas, cerca de dois metros de altura, com braços longos e magros aproximou-se lentamente do carro, bateu no volante e voltou para o mato.  

Naquele momento, percebi que era hora de começar a ter medo. Tremendo de medo, desliguei o alarme e continuei a assistir. Algo saiu dos arbustos, aproximou-se do portão, passou o braço por cima dele e removeu a divisória que mantinha o portão fechado.

O medo tomou conta de mim. Quem é, o que precisa de mim, por que não sai? Eu não conseguia me mover, arrepios corriam da minha cabeça aos pés e costas, reverberando em meu corpo com um grande tremor. Minha boca estava seca, meus pensamentos começaram a desenhar imagens assustadoras em pânico. Cerrando os dentes e cerrando os punhos, recuperei o juízo e corri com toda a velocidade possível escada acima até o primeiro andar. E assim que minha mão se estendeu para apertar o botão a fim de encontrar algo que pudesse de alguma forma se proteger do hóspede, eu congelei. Congelou porque olhou pela janela. Pressionando as mãos no vidro, olhou para fora para ver se havia alguém em casa ou não.  

Então percebi: todos esses truques com o carro eram para atrair a vítima. Para que? Não quis e não quero saber. Mas um fato é um fato. Está aqui e está me procurando. Sua respiração começou a embaçar a janela. E fiquei feliz com isso, porque não conseguia tirar os olhos do rosto dele. Pele acinzentada, enrugada. Olhos pretos pequenos e profundos. Em vez de um nariz, havia dois buracos.  

A respiração era tão pesada e rouca que meus próprios pulmões doíam ... Não havia lábios, havia apenas duas fileiras de dentes amarelos afiados.

Não pude ser visto, porque estava nos fundos da casa. Mas também não iria simplesmente desaparecer. De pé na janela, foi até a porta. Bater. Atrás dele está outro. Na abertura sob a porta, vi como ele tenta colocar os dedos sob a porta. A maçaneta começou a sacudir descontroladamente para cima e para baixo.  

E os sons... não soavam como uma voz humana. Era um rosnado animal. Você sabe, quando você começa a pegar um osso de um cachorro e ele rosna de raiva. Algo semelhante a esses sons, só que mais raivoso e uterino, foi emitido por essa criatura. Eu sabia que se ele me ouvisse, não me deixaria em paz e daria um jeito de entrar na casa. Então eu apenas deitei na escada e esperei que acabasse. 

As lágrimas rolaram involuntariamente pelo meu rosto, por mais que eu tentasse contê-las. Nas têmporas começaram a bater, tanto que parecia que a alma tremia. Eu desmaiei.

Quando acordei, imediatamente olhei para a porta. A porta estava no lugar. Eu nunca estive tão feliz. Levantei-me da escada e olhei pela janela. Já era dia do lado de fora da janela e o sol estava bem alto no céu. Sem pensar duas vezes, subi, peguei as chaves e, sem pegar minhas coisas, fui para o carro. Ao sair da soleira, vi suas pegadas no chão - prova de que não sou louco. Isso também foi evidenciado por uma maçaneta quebrada, arranhões na porta e nas tábuas do portão que estavam no meio da estrada. Saltando para o carro, eu dirigi para longe desta rua.

No caminho, ligando o rádio, ouvi dizer que na área desta rua amaldiçoada pela manhã encontraram os corpos de duas meninas. Os cadáveres foram mutilados e jogados no pântano. Ainda assim, encontrou o que procurava...

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Escritor do gênero do Terror e Poeta, Autista de Suporte 2 e apaixonado por Pokémon