sábado, 5 de agosto de 2023

Ecos do Silêncio

Pessoas como eu não têm o luxo de poder descansar. Milhões de fantasias passam pela minha mente a cada segundo. No começo, achei que era uma boa maneira de escapar da minha realidade... Não sei mais o que pensar. Talvez eu seja amaldiçoado?

O que sei é que agora que me mudei para meu novo apartamento, sou o mais solitário que já estive. Nenhuma quantidade de bebida pode mudar isso. Não me faça começar a usar drogas. Como tudo o resto, eles só funcionam em breve. Depois que os efeitos se esgotarem, me sinto ainda pior do que antes.

Às vezes, só quero puxar a minha mente por um tempo.

Não que eu seja suicida ou algo assim, é sempre ocupado lá em cima. Eu refleti em cada memória milhões de vezes. Não sinto mais parte de mim. Há outra entidade vivendo de graça lá em cima.

Sabe como é irritante ter alguém te prendendo por cada coisa que você faz? Só quero gritar no topo dos pulmões e arrancar meu cérebro da cabeça por um...

- Segundo, porra, cale a boca! Através do gesso? - O quê?
Olhei em volta do meu banheiro. Um espelho quebrado refletiu meu rosto em centenas de pedacinhos. Embora os fragmentos tenham sido intrigados, eu podia ver sangue escorrendo sobrancelhas grossas e sobre...

- O chão. As pegadas sangrentas caíram em um círculo. Uma garrafa vazia sentou-se ao lado dos cacos de outro.

Três pequenos sacos claros descansaram nos escombros. Quanto tempo eu fiquei fazendo isso?
Uma risada ecoou em todo o banheiro. Eu poderia jurar que vi ondas sonoras que saltarem da parede e entrar na minha orelha. Estou viajando. A fonte do som veio de trás das minhas cortinas de chuveiro.

Parecia que algum tipo de marionete da sombra estava dançando atrás dele. Parte de mim sentiu vontade de sentar e aproveitar o show.

A silhueta parecia alguém que eu conhecia. Penélope? 

Cabelo curto descalçados pelas costas. Uma figura de ampulheta dançou como ela costumava fazer. Mãos ao teto de pipoca sem um cuidado no mundo.

Penélope? Eu murmurei, o que você está fazendo aqui?

Ela respondeu continuando a dançar. Clássica Penélope.

- Eu senti tanto a sua falta, eu disse. Sabe que estive muito tempo separados.

Sua figura parou, virando-se para me encarar, eu acho?

- Eu sei que você nunca ouviu quando eu me abri para você, mas você tem que ouvir isso. - Eu me sentei, cruzei com as costas encostadas contra a parede. Bem, acho que você já sabia disso desde que você é minha primeira convidada, não importa isso. Eu me levantei com meu chefe idiota! Chega de falar de mim.

A figura dela encolheu ao meu nível. A silhueta balançando me sentiu hipnotizante. Me deu a sensação que ela queria ouvir mais.

Eu continuarei então. Bem, eu posso dormir de novo. Não me entenda mal, estou feliz que voltou, mas por que você saiu?

O vento assobiou pela janela. A polca pontuou cortinas suavemente. Eu escovei meus cachos sujos de lado e levantei.

- Não precisa responder isso. Desculpe-me por perguntar.
O fato de ela não ter dito nada está começando a me afetar.

Penélope levantou-se e cruzou os braços.

Parabéns, sou um tolo. Vamos, saia daí.

Eu andei em direção à porta, escovando os cacos de lado. 

Ela não me seguiu.

Penélope, por favor, o que quer que eu peça desculpas?

As luzes fluorescentes piscaram e seus zumbis cresceram tão alto quanto um bule de chá fervente. Um frio atirou na minha coluna como uma brisa forte entrou.
Desculpe por ter parado de visitá-la, mas nem por um segundo, você só quis fingir que se importava porque meu ego frágil não me deixaria em paz.

Enquanto essas palavras escapavam dos meus lábios, um sentimento de arrependimento me lavava como um tsunami.

Não, merda, desculpe, eu não quis dizer isso, você sabe disso, certo?

Luzes suavemente piscaram. Vento uivou.

Não havia nada além de um frio gelado atrás da cortina vermelha. Um cheiro de decadência penetrou minhas narinas. Lágrimas escorriam nas minhas bochechas, misturando com a piscina de líquido viscoso e vermelho. 

Me atingiu mais forte do que um martelo.

... As garrafas vazias serviram um propósito.

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