sábado, 6 de janeiro de 2024

Ramos ao Vento

Aqui estou eu em casa. Fiquei até tarde, mas entreguei o projeto que meu chefe me incumbiu. Afinal, não foi em vão - um lindo dia me aguardava. Mas o que mais me deixava feliz era que veria meu filho. Finalmente venci a batalha pela custódia com minha ex-mulher e obtive o direito de vê-lo. Para ele, reformei o antigo quarto, embora parecesse sem graça todo pintado de branco. Depois, teremos tempo para transformá-lo do jeito que quisermos.

Subi as escadas com passos pesados. Quando meu filho ouviu que eu cheguei, ele imediatamente me chamou para o quarto:

- Papai, não consigo dormir, há um monstro lá na janela!

Monstro. Bem, isso era bastante inesperado para uma criança.

- Oh, não se preocupe. São apenas galhos balançando ao vento, você vê?

Eu apontei para o galho batendo na janela. Ele acreditou em mim, se acalmou. O beijei e desejei boa noite.

Finalmente, hora de dormir! Eu mal conseguia manter os olhos abertos de tão cansado. Passei pelo corredor e desabei na cama. Estava exausto, sem espaço para monstros. Amanhã, preciso levar meu filho para a escola na nossa área, onde o matriculei. Preciso comprar o uniforme escolar... Eu mal conseguia pensar.

E então ele me chamou novamente. Inferno, eu amo meu filho, claro, mas também quero dormir!

- Papai, o monstro voltou! - ele gritou.

Eu fui até ele, olhei pela janela - novamente, apenas galhos. Abri a janela e me virei para ele:

- Você vê, é apenas uma árvore, eu disse! Agora vamos dormir, amanhã você tem escola.

Pelo que pude ver, meu filho estava um pouco assustado, mas o que fazer - eu estava cansado demais. Voltei para a cama e caí novamente na macia. Então ouvi choro e percebi que já tinha chegado ao meu limite. Voltei para o quarto dele, puxei o cobertor vermelho e deitei ao lado da criança:

- Tudo bem, vou dormir com você. Se vir o monstro, apenas segure mais forte.

Eu estava de olhos fechados, mas pensamentos estranhos surgiam. Eu comprei lençóis brancos, não foi? Então vi a garganta cortada do meu filho e percebi meu erro. E então ouvi os sons que o monstro fazia, só que não estava mais batendo na janela - eu ouvia passos se aproximando pela janela aberta. 

Não aguentei e ri - como eu pude esquecer que não havia árvores no meu quintal?...

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Escritor do gênero do Terror e Poeta, Autista de Suporte 2 e apaixonado por Pokémon