O diário estava cheio de páginas com uma caligrafia cursiva ordenada, narrando a vida de um homem chamado Paul. Suas anotações eram mundanas no início – observações sobre o tempo, seu trabalho, seu jardim. Mas então, tomaram um rumo mais sombrio.
12 de agosto de 1984: “Encontrei uma boneca estranha no sótão. Deve ter pertencido aos antigos donos. Seus olhos parecem me seguir pela sala. Não gosto da sensação que ela me dá.”
20 de agosto de 1984: “Não consigo dormir. Continuo ouvindo sussurros. A boneca está sempre em um lugar diferente quando acordo. Sei que não a movi.”
25 de agosto de 1984: “Tentei jogar a boneca fora, mas ela estava de volta no sótão esta manhã. Como isso está acontecendo? Estou começando a me sentir vigiado o tempo todo.”
1º de setembro de 1984: “Acordei com arranhões por todo o braço. Estou assustado. O que essa boneca quer de mim?”
As anotações pararam abruptamente depois disso. Intrigado e um pouco assustado, decidi investigar. Encontrei um endereço no final do diário e, por impulso, dirigi até a antiga casa. Estava abandonada, uma carcaça decadente do que já fora. As janelas estavam quebradas e a porta da frente pendia das dobradiças.
Revirei o sótão e, para meu choque, encontrei a boneca. Era exatamente como Paul havia descrito – pequena, com olhos vidrados que pareciam muito realistas, quase humanos. Levei-a para casa, pensando que seria uma peça de conversa interessante, embora assustadora.
Naquela noite, os sussurros começaram. Fracos no início, apenas um murmúrio suave que eu quase poderia convencer a mim mesmo de que era o vento. Mas eles ficaram mais altos, mais insistentes, como um coro de vozes raivosas. Não conseguia entender as palavras, mas o tom era malévolo, cheio de ódio e malícia.
Acordei na manhã seguinte com arranhões profundos nos braços, exatamente como Paul. A boneca estava sobre minha cômoda, embora eu tivesse certeza de que a havia deixado na sala de estar. Meu coração disparou ao perceber que não era apenas uma coincidência.
Tentei me livrar dela. Queimei-a, mas na manhã seguinte, ela estava de volta, completamente intacta, sentada na minha cama. O pânico tomou conta de mim. Joguei-a no rio, dirigi quilômetros de distância e a deixei na floresta, mas todas as vezes ela voltava, como se estivesse atada a mim por alguma força invisível.
Os sussurros ficaram mais altos, e agora não são apenas à noite. Eu os ouço o tempo todo, vozes odiosas que não me deixam dormir ou pensar. Eles ecoam pela minha casa, implacáveis e implacáveis. Estou escrevendo isto como um aviso: se você encontrar um antigo diário encadernado em couro em um brechó, deixe-o. Não o leia. Não o leve para sua casa.
Os sussurros estão ficando mais altos. Eles estão aqui comigo agora. E estão zangados. Querem algo, e eu não sei o que é.
Não sei quanto tempo mais vou aguentar. Se alguém ler isto, por favor, me ajude. Antes que seja tarde demais.
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