terça-feira, 9 de janeiro de 2024

A voz do meu namorado

Um dia, ao voltar do trabalho, vi meu gato, Lilo, rosnando para a janela fechada. "Estranho", pensei, e comecei a acariciá-lo. Ele se afastou rapidamente da minha mão e saiu correndo da sala.

A casa estava abafada, então decidi ventilar o apartamento. Mas assim que toquei na moldura da janela, Lilo veio correndo, agarrou meu casaco com os dentes e começou a puxar na direção oposta da janela. Foi então que lembrei que, segundo a crença, os animais veem o que os humanos não conseguem. Um leve tremor me dominou, e decidi ligar para o meu namorado. Assim que pensei nisso, meu celular tocou. Lilo imediatamente começou a rosnar para ele. Eu coloquei o telefone perto da orelha:

- Alô!

Não houve resposta.

- Alô! - repeti, e lá no fundo ouvi a voz de Neritan, meu namorado:

- Loreta... Loreta... Abra a janela, estou aqui...

Eu desliguei e fiquei pensativa. A voz de Neritan sempre foi animada, mas agora ele parecia falar de uma profunda cova. Preocupada, corri até a janela, mas o gato começou a miar desesperadamente, o que me fez parar.

Fiquei em dúvida quando o telefone tocou novamente. Olhei para a tela antes de atender, mas o número não era identificado.

- Loreta-a-a-a... L...oretaaa... Abra a janela...

- Neritan, que brincadeira é essa? Por que eu deveria abrir a janela? Onde você está? - perguntei, enquanto olhava de relance para Lilo, cujo pelo estava eriçado.

- Eu te amo, Loreta... - disse Neritan de longe, e na linha ouvi breves ruídos.

Eu estava tão assustada que comecei a chorar. O gato continuou a rosnar para a janela. Finalmente, liguei para minha mãe e contei que algo estranho estava acontecendo em casa. Ela sugeriu que eu rezasse e benzesse o telefone se ele tocasse novamente. Mas assim que pressionei o botão para encerrar a ligação, ouvi um barulho do lado de fora, como se alguém estivesse quebrando a janela. E eu moro no quinto andar! O gato literalmente uivou. Fechei os olhos e comecei a rezar. O telefone tocou novamente, enquanto o estrondo na janela continuava. Desliguei o telefone e ouvi claramente a voz do meu namorado do lado de fora:

- Loreta... Abra...

A voz era monótona e arrastada. Não aguentei - saí gritando do apartamento (o gato me seguiu) e bati na porta da vizinha idosa, mesmo sendo tarde. Ela nos deixou entrar e me deu um calmante. Não voltei para casa naquela noite - fiquei na casa dela. 

No dia seguinte, descobri que a vizinha idosahavia tirado a própria vida por razões inexplicáveis enquanto eu estava no trabalho.

1 comentários:

Anônimo disse...

Esta história de terror é arrepiante! A conexão entre o comportamento estranho do gato e a voz distorcida do namorado cria um clima tenso e misterioso. O desfecho revelando a tragédia da vizinha idosa dá um toque sombrio e inesperado à narrativa. O uso de elementos sobrenaturais e o clima de suspense são bem executados, contribuindo para uma história envolvente. Parabéns Douglas

Tecnologia do Blogger.

Quem sou eu

Minha foto
Escritor do gênero do Terror e Poeta, Autista de Suporte 2 e apaixonado por Pokémon