quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Nunca beba o que ele te oferecer

Como qualquer outra sexta-feira à noite, eu saí pra uma festa com a minha melhor amiga, a Bree. Às vezes a gente ia pra festas de gente que a gente conhecia. Às vezes ia pra festas aleatórias que ela achava não sei onde. Sempre foi uma diversão nossa. A gente até tinha um joguinho que chamava de “Hooked”: quem pegava ou ficava mais com caras ganhava.

É bem idiota e parece que a gente tava implorando pra pegar DST. Acho que a gente inventou esse nome de “jogo” só pra ela se sentir menos… sei lá, menos vadia. Enfim, depois do que rolou, eu jurei pra mim mesma que nunca mais ia jogar essa merda.

Há uns anos, em 2017, eu fui numa festa em algum dia de outubro. Lembro direitinho que era uma festa de Halloween.

Naquele ano a gente foi em várias festas de Halloween, mas essa que eu vou contar foi a última que eu pisei na vida, por causa do terror que tomou conta daquela noite.

Era igual qualquer outra festa que a gente frequentava naquele mês. As duas de gatinha preta combinando, prontas pra dar em cima de um monte de cara e ficar bêbada.

Pensando bem agora, queria ter dado bola pros bandeirão vermelhão que eu ignorei. O primeiro, gigantesco: a Bree não conhecia NEM UMA ALMA naquela festa. Nenhuma cara conhecida. Normalmente isso não seria problema, mas o bairro era perigoso pra caralho. Tava todo mundo sumindo. Os corpos apareciam depois, só que nunca inteiros. Fazer o quê? A gente era nova e burra.

Eu era nova, burra e, infelizmente, aquela pessoa que faz qualquer coisa pra agradar os outros, por isso nem abri a boca pra falar “não” pra Bree.

Quando chegamos, até parecia normal. Todo mundo super extrovertido, simpático. Ficamos conversando com geral, conhecendo todo mundo, até que a Bree viu um cara que achou gostoso. O gosto dela é horrível, ela pega qualquer um que respire.

Ela me largou sozinha pra ir dar em cima dele e eu fiquei lá, moscando, me sentindo um peixe fora d’água. Também sabia que precisava tentar ganhar o jogo, então comecei a rodar, olhando os caras. Conversei com uns dois, mas meu olho travou num cara específico. Não era que ele fosse bonito, era algo na energia dele que me deixou intrigada. Hoje eu sei: eu nunca devia ter chegado perto. Talvez não fosse “intrigante”, talvez fosse o alarme de perigo dentro de mim que tava com defeito.

Seja lá o que fosse, eu fui falar com ele. Conversamos um tempão, ele até me fez dar umas risadinhas. Estávamos no meio de um papo chato que eu nem lembro mais qual era, mas lembro perfeitamente dele me entregando uma bebida.

Era um copo que eu achei que tava sendo servido pra todo mundo na festa, então nem desconfiei. Ele ainda perguntou se eu queria sair pra dar uma volta com ele. Eu, impulsiva do caralho, disse que sim.

A volta foi até sonhadora no começo. Ele era engraçado, parecia romântico, me deixou interessada. Comecei a pensar nele como algo além do jogo. Talvez um amigo, talvez algo a mais. Meu sonho desmoronou mais rápido que luz quando eu comecei a tomar os goles.

Cada gole era um segundo mais perto da minha quase morte. Minha cabeça começou a embolar, eu fui ficando mole. Falei que não tava me sentindo bem e ele começou a rir. Rir sem parar, com o sorriso mais assustador e largo que eu já vi na vida.

Ele me jogou no chão e tirou uma faca. Sussurrou no meu ouvido que isso acontecia o tempo todo, que ele adorava vítima burra. Disse que ia curtir me cortar em pedacinhos.

Eu chorei rios, literalmente. Implorava pela minha vida. A faca quase abriu meu pescoço, mas a Bree e o cara que tava com ela pularam em cima dele.

Você acha que terminou com ele preso, né? Infelizmente o filho da puta era forte pra caralho e conseguiu lutar e fugir. Eu liguei pra polícia, falei tudo, dei descrição, fiz tudo que podia. Não acharam ele. Nem um rastro. Até hoje eu procuro no Google e nas redes sociais, não tem nada que me ajude a encontrar o cara.

É como se ele tivesse evaporado. Nunca mais na minha vida eu aceito bebida de estranho. Tomara que um dia peguem ele. Pelo lado bom, os crimes pararam naquele bairro depois daquela noite do inferno. Pelo lado ruim… crimes parecidos voltaram a acontecer faz pouco tempo.

É só isso que eu tenho pra dizer: nunca beba o que ele te oferecer.

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Escritor do gênero do Terror e Poeta, Autista de Suporte 2 e apaixonado por Pokémon