Entro em um lugar escuro e amargo, o ar denso com o fedor da ganância. Ouço um som peculiar de homens gritando e o toque incessante de telefones.
Levanto-me da minha baia, atraído pelas luzes brilhantes da "Sala de Descanso". Enquanto marcho lentamente, examino meus arredores. Os homens aglomerados, observando um homem de terno azul-marinho ao telefone. Curioso, paro para ver o que chama a atenção deles.
O homem sorri, voz suave, "Apenas $8.000? Não, vamos maior." Vivas irrompem. Risadas. Uma frenesi de movimento. Mãos se apertam. Vozes se elevam. Obscenidades cortam o ar. Não consigo focar. Minha garganta está queimando. As luzes brilhantes zumbem. As vozes se misturam. Anseio por água.
Um homem loiro de meia-idade, com uma semelhança impressionante a um rato de esgoto, se aproxima de mim, gritando. Ele tenta um high five, e eu lamentavelmente me entrego a este ato de neandertais batendo as mãos um no outro para ouvir uma palma.
Sua mão passa através.
Como se eu nunca estivesse lá.
Ele inclina a cabeça, claramente perplexo, e diz, "Que porra foi essa?"
Ignoro-o, bloqueando as vozes ao meu redor enquanto me dirijo à sala de descanso. Abro a porta e pauso na entrada.
As luzes piscam em uníssono. As paredes começam a desmoronar revelando tecido pulsante.
Avanço devagar e noto uma substância clara em uma garrafa grande, virada de cabeça para baixo. Sinto a dor atingir o fundo da minha garganta.
A agonia está se tornando insuportável de aguentar. Vozes ecoam pela sala.
A cada passo, o tecido incha, se estendendo em minha direção, pulsando, vivo. Minha garganta está em carne viva, minhas mãos tremem enquanto alcanço. O tecido rosa emborrachado me devora por inteiro. Estendo a mão, puxando o garrafão. Ele derrama, a sensação fria atinge meus pés.
Ouço um sussurro, "A sede te seguirá para sempre."
Fecho meus olhos, me afogando em sede. Minha existência pisca diante de mim.
Tudo que levou até este momento. As décadas de tortura e decepção repetida ecoam através de mim. Me vejo como um menino jovem e ingênuo na fazenda do meu pai. Eu era uma alma tão inocente.
Começo a lembrar. Uma mulher de preto. Seu aperto, como ferro. Seu hálito podre vazava enquanto ela tomava um fôlego profundo.
Meus olhos se abrem para uma vista de areia vermelha profunda me cercando. Minha sede começa a me dominar novamente. Desabo em total descrença.
Amaldiçoado, um cadáver ambulante, vago por este planeta. Tenho caminhado por estas terras por tempo demais. Testemunhei cada região e linha do tempo neste planeta. Estou tão cansado. Preciso que meu sofrimento termine. Preso nesta mesma piada distorcida, repetidamente.
Condenado à eternidade. Amaldiçoado. Sempre procurando. Sempre com sede.
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