Mas desde que voltei, algo não estava certo.
Começou com uma leve coceira no meu braço esquerdo, logo abaixo do cotovelo. No começo, pensei que era apenas uma picada de mosquito—inevitável após semanas na floresta tropical amazônica. Não prestei muita atenção. Apliquei um pouco de pomada, tomei um antihistamínico e segui em frente.
Mas a coceira não ia embora.
Dois dias depois, piorou. O pequeno ponto vermelho no meu braço começou a inchar, pulsando como se algo vivo estivesse dentro. Cada toque parecia fogo queimando sob a minha pele. No escritório, a situação se tornou insuportável. Eu me mexia constantemente na minha cadeira, incapaz de me concentrar em qualquer coisa, exceto na necessidade desesperada de coçar. Eu arranhava meu braço debaixo da mesa, tentando esconder, mas não adiantava. O tecido da minha blusa esfregava contra a pele irritada, amplificando a agonia.
"Elizabeth, você está bem?" Clara, uma colega de trabalho, perguntou.
"É só uma alergia. Nada sério," menti, forçando um sorriso.
Ela levantou uma sobrancelha, claramente cética, mas não insistiu. Eu sabia que estava chamando a atenção. Meu chefe, o Sr. Marston, passava frequentemente pela minha mesa, me observando pelo canto do olho. Eu não podia deixar isso colocar minha promoção em risco.
Mas a dor estava se tornando insuportável. Quando o expediente finalmente acabou, corri para casa. Fechei a porta do meu apartamento, joguei minha bolsa e fui direto para o banheiro.
Olhei no espelho e arrolei minha manga.
Meu coração congelou.
Onde havia uma pequena marca vermelha, agora havia um inchaço escuro com um centro endurecido e preto, como casca de árvore. A pele ao redor estava rachada, exsudando um líquido amarelado com um cheiro nauseante. Era como se minha pele estivesse apodrecendo diante dos meus olhos.
Peguei a pomada mais forte que tinha, mas assim que toquei a ferida, a dor explodiu. Gritei, lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
Na manhã seguinte, fui direto para o hospital. Eu não era do tipo de pessoa que esperava até o último minuto para procurar ajuda. Minha mãe costumava dizer:
"Elizabeth, você é tão paranoica que vai morrer de velhice porque nada nunca te surpreenderá."
No hospital, o médico examinou a ferida com uma mistura de curiosidade e desconforto. Ele chamou outro médico, que então chamou mais dois. Todos eles olharam para o meu braço como se fosse um pesadelo ganhando vida.
"É uma doença tropical," disse o médico após vários longos minutos. "Vamos fazer alguns exames."
Eles me mandaram para casa com antibióticos e analgésicos, mas eu sabia que não era o suficiente. Algo estava crescendo dentro de mim. Naquela noite, acordei com uma dor excruciante.
Era como se algo estivesse se movendo sob minha pele—se arrastando e cavando. Corri para o espelho do banheiro e arranquei os curativos.
A ferida agora era um buraco profundo, cheio de uma substância amarelada e gelatinosa. No centro, algo se movia.
Minhas mãos tremiam enquanto pegava uma pinça e a inseria no buraco. Quando puxei, algo saiu.
Era um verme. Pequeno, branco, mas vivo. Ele se contorcia entre as pinças, e eu o joguei na pia, quase vomitando.
Mas quando olhei de volta para a ferida, vi que havia mais. Muitos mais.
Os dias que se seguiram foram um inferno.
Acordava ensopada de suor, minha cabeça doendo como se fosse explodir. A dor no meu braço não era mais algo que eu pudesse ignorar—consumia todo o meu corpo.
A ferida crescia a uma taxa alarmante. Inicialmente, era apenas um buraco negro e fétido. Agora, se espalhava como um câncer, devorando a carne ao redor, que se descamava em pedaços. Minhas roupas grudavam no meu braço, encharcadas com o líquido viscoso que exsudava constantemente.
Passei horas em frente ao espelho do banheiro, inspecionando a cova que meu braço se tornara. Era como se algo dentro estivesse vivo. Pequenas ondulações na carne em decomposição, como ondas em um lago contaminado, revelavam sua presença.
No terceiro dia, depois de puxar o terceiro verme com a pinça, percebi que estava presa em um ciclo interminável.
Eu os removia, mas mais apareciam. Sempre mais.
Eu não conseguia dormir. Sempre que fechava os olhos, sentia as criaturas se movendo dentro de mim, cavando mais fundo em minha carne.
Eu me tornei obcecada. Passei noites sem dormir no chão do banheiro, extraindo vermes com pinças, agulhas—qualquer coisa que pudesse alcançá-los. Meu corpo estava exausto, mas minha mente não parava. Para cada um que eu removia, parecia que dois ocupavam seu lugar.
E o som.
No começo, pensei que era apenas na minha cabeça, mas não era. Era um baixo e úmido farfalhar, vindo do meu braço. O som de algo raspando contra a carne, roendo, cavando.
No quinto dia, o pesadelo atingiu um novo nível.
Minha mão esquerda ficou dormente. Tentei mover meus dedos, mas eles não respondiam. Quando olhei para o meu braço, o inchaço havia se espalhado. A pele ao redor estava translúcida, quase transparente, revelando longas formas brancas se contorcendo por baixo—rios de larvas fluindo pelo meu corpo.
Eu vomitei no chão do banheiro. O cheiro de bile misturado com o odor podre do meu braço tornava o ar irrespirável.
Eu sabia que eles estavam crescendo.
E eu sabia que não iriam parar.
Era como se uma legião de agulhas queimando estivesse perfurando minha pele, mais fundo a cada vez.
A ferida estava crescendo alarmantemente. No começo, era apenas um buraco negro e fétido no centro do inchaço. Agora, se espalhava como câncer, avançando pela carne ao redor, que estava apodrecendo e se desfazendo em pedaços. Minhas roupas começaram a grudar no meu braço, encharcadas com o líquido viscoso que continuava pingando incessantemente. O cheiro era nauseante, uma mistura de carne podre e algo químico, ácido, que parecia queimar minhas narinas.
Passei horas em frente ao espelho do banheiro, inspecionando aquele buraco que se tornara meu braço. Era como se algo dentro estivesse se movendo. Pequenas ondulações na carne em decomposição, como ondas em um lago infectado, mostravam que estavam ali.
No terceiro dia, depois de puxar o terceiro verme com a pinça, percebi que estava presa em um ciclo interminável. Eu os removia, mas mais apareciam. Sempre mais. Eu gritei de frustração e nojo.
"Saia de mim! Saia!" gritei, minha voz rouca e desesperada.
Mas os vermes não obedeciam. Cada noite era pior que a anterior. Eu não conseguia dormir. Cada vez que fechava os olhos, podia sentir as criaturas se movendo dentro de mim. O mero pensamento de que estavam cavando através da minha carne me mantinha acordada.
Eu me tornei obcecada. Passei as noites sentada no chão do banheiro, puxando vermes com pinças, uma agulha, qualquer coisa que eu pudesse alcançar. Meu corpo estava exausto, mas minha mente nunca parava. Cada vez que eu puxava um para fora, parecia que dois mais apareciam.
Comecei a ouvir sons. No começo, pensei que era apenas na minha cabeça, mas não era. Era um ruído baixo e farfalhante, como algo molhado esfregando contra a carne, roendo, cavando.
Eu sabia que eles estavam crescendo. No quinto dia, o inferno atingiu um novo nível.
Minha mão esquerda começou a formigar. Então, ficou dormente. Tentei mover meus dedos, mas eles não respondiam. Quando olhei—
Minha pele estava esverdeada e úmida, brilhando com um brilho doentio e oleoso.
Chamei um Uber para me levar ao hospital.
Quando o motorista parou em frente ao prédio, hesitei por um momento. Tentei cobrir meu braço com um pano para esconder o estado deplorável em que estava, mas o tecido rapidamente ficou encharcado com o líquido amarelado que vazava incessantemente. Entrei no carro, esperando que ele não notasse.
"Bom dia..." tentei dizer, mas minha voz saiu rouca, quase inaudível.
O motorista, um homem de meia-idade com uma expressão amigável, sorriu pelo retrovisor, mas sua expressão mudou assim que o cheiro chegou até ele.
"Você está bem?" ele perguntou, enrugando o nariz e abrindo um pouco a janela.
"É só... uma infecção. Estou indo para o hospital."
Ele assentiu, mas manteve as janelas abertas durante toda a viagem. Eu o vi esfregar o nariz várias vezes, e seu olhar no retrovisor estava cheio de desconfiança.
O cheiro estava piorando. Era o cheiro da morte.
Quando finalmente cheguei ao hospital, cambaleei pela porta da frente. As pessoas na sala de espera se afastaram instintivamente, algumas cobrindo a boca, outras enrugando o rosto em desgosto.
Fui levada diretamente para a sala de emergência. O médico que me atendeu era o mesmo de antes, mas sua expressão séria indicava que ele sabia que a situação havia saído do controle. Ele mal conseguia esconder sua própria reação ao cheiro.
"Elizabeth... o que aconteceu?" ele perguntou, enquanto colocava luvas e uma máscara.
"Eu... eu não sei. Está piorando. Está... crescendo."
Ele olhou para o meu braço, agora praticamente irreconhecível. A ferida havia se transformado em uma abertura grotesca, cheia de carne necrótica e secreções viscosas. O centro pulsava como se tivesse vida própria, e as bordas estavam cobertas de pequenos vermes que entravam e saíam, como se estivessem cavando túneis.
"Precisamos agir imediatamente. Isso não é mais apenas uma infecção comum," ele disse, chamando outros médicos.
Fui levada rapidamente para a sala de cirurgia. Os rostos das enfermeiras eram uma mistura de profissionalismo e horror, como se estivessem tentando não pensar no que estavam vendo. A sala estava fria, e as luzes brilhantes refletiam nos instrumentos cirúrgicos de metal.
"Precisamos amputar o braço, Elizabeth," disse o médico, segurando minha mão saudável para tentar me confortar. "Não há outra opção. Está se espalhando rápido demais."
Eu simplesmente acenei com a cabeça. Eu não tinha mais forças para protestar. Tudo o que queria era que isso parasse.
Eles me sedaram parcialmente, mas permaneci consciente o suficiente para sentir a primeira incisão.
Quando o bisturi cortou a carne ao redor da ferida, um grito coletivo ecoou pela sala.
Larvas estavam chovendo. Do corte, uma torrente de vermes brancos explodiu como um gêiser. Eles eram maiores do que os que eu havia visto antes, mais grossos, quase translucidos, com movimentos rápidos e frenéticos.
As enfermeiras se afastaram, algumas gritando, outras deixando cair instrumentos. No chão.
"Meu Deus..." murmurou o médico, tentando se manter calmo. Os vermes caíram no chão e começaram a se espalhar pela sala, rastejando em todas as direções. O odor emanando deles era ainda mais forte, um cheiro úmido e podre que parecia preencher todos os cantos do espaço.
O médico continuou cortando, desesperado para separar meu braço do resto do meu corpo. Mas os vermes não paravam. Eles apareciam de todos os lados, enterrando-se na minha carne como se fossem raízes vivas, conectadas ao meu próprio corpo. A dor era insuportável, mesmo com os sedativos. Eu podia sentir cada movimento, cada mordida, cada deslizamento de suas formas viscosas.
"Precisamos terminar isso agora!" gritou o médico, empunhando uma serra cirúrgica para cortar o osso.
Mas assim que ele começou a serrar, mais vermes saíram, desta vez mais rápido, como se estivessem tentando escapar. Um subiu pela luva dele, rastejando até seu pulso.
"Tirem isso de mim!" ele gritou, enquanto outra enfermeira tentava ajudá-lo. A sala de cirurgia estava em caos. O chão estava coberto de sangue, pus e vermes. Instrumentos cirúrgicos estavam espalhados, e as enfermeiras não sabiam para onde correr.
Eu sentia que isso não ia acabar ali. O braço não era o único lugar onde estavam. Eles já haviam se espalhado por todo o meu corpo.
"Doutor..." sussurrei, minha voz quase inaudível. "Não adianta. Eles estão em toda parte."
Ele olhou para mim, seu rosto pálido e cheio de horror. Por um momento, pensei que ele ia desmaiar.
"Elizabeth... sinto muito."
E então, minha visão escureceu.
Olhei para minhas mãos, mas elas já não eram minhas. Minha pele estava cheia de buracos, e vermes estavam entrando e saindo como se eu fosse apenas um recipiente.
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