Foi quando começou. A paralisia. Aquela em que você acorda, mas não consegue se mover, não consegue gritar, não consegue fazer nada além de ficar ali em um pânico paralisado. O quarto parecia errado—pesado, pressionando sobre mim como se o próprio ar estivesse vivo, me sufocando. Estava congelante, mas minha pele parecia quente demais, meu coração acelerado como se fosse explodir, mas nenhum som escapava. O silêncio era avassalador, denso o suficiente para se afogar nele.
Então eu vi. No início, era apenas uma sombra—um borrão no canto do meu olho. Mas então... se moveu. Mudou de forma, impossivelmente alto, se esticando e dobrando sobre si mesmo como se não pertencesse a este mundo. A escuridão ao seu redor se curvava e distorcia, como se estivesse sugando a luz. E aqueles olhos... aqueles olhos. Não eram como nenhuns olhos que já vi. Eram apenas dois pontos de luz, sufocantes, pressionando contra mim. Não brilhavam, não reluziam—apenas pontos frios, duros e luminosos, queimando através da escuridão, perfurando-me.
Eu não conseguia desviar o olhar. Não importava para onde eu me virasse, eles estavam lá. Não estavam apenas me observando—estavam dentro de mim, puxando meus pensamentos, meus medos. Meu coração batia em meus ouvidos, mas parecia que o som era engolido pelo silêncio sufocante. Tentei gritar, tentei me mover, mas meu corpo não obedecia. Não me deixava fazer nada além de ficar ali, preso. Quanto mais tempo eu ficava paralisado, mais perto ele chegava. O ar ficava mais rarefeito, mais difícil de respirar. Cada vez que eu olhava através das pálpebras semicerradas, estava mais próximo—sua presença pressionando, preenchendo o quarto até ser tudo que eu podia sentir. Seu rosto—ou o que poderia ter sido um rosto—estava a centímetros do meu, seu olhar implacável, ardente, puxando minha alma.
Quanto tempo fiquei ali, não sei. Mas eventualmente, a paralisia passou, e corri para o quarto da minha mãe. Não saí do lado dela até que a luz do dia o afugentasse. Mas aquele foi apenas o começo.
Voltava todo ano, sempre no final do verão. Toda vez que o ar ficava pesado, denso com o frio do outono se aproximando, ele retornava. Mesma presença. Mesmo peso sufocante pressionando meu peito. Às vezes era apenas uma forma no canto. Às vezes era sólido, pairando sobre mim, mais negro que as sombras, seus olhos—aqueles pontos sufocantes e ardentes—nunca me deixando.
E não importava para onde eu fosse, não importava o quão longe eu corresse, ele me encontrava. Cada casa, cada cidade—não importava. Os quartos mudavam, mas ele nunca mudava. Estava sempre lá, sempre observando, sempre esperando.
Eu sempre estive sozinho. Intimidado, um excluído, encontrei conforto no silêncio, nos espaços vazios. Mas havia uma coisa com que eu podia contar: minha cachorra. Uma Doberman preta, leal e forte. Ela era a única que me fazia sentir seguro. Naquela noite, ele veio novamente.
O ar ficou frio, e minha cachorra congelou. Suas orelhas se contraíram, seus olhos se estreitaram, e então veio o rosnado—um som baixo e primitivo que não era como nada que eu já tinha ouvido antes. Não era apenas um aviso. Era medo. Ela sabia que algo estava vindo, algo que eu não podia ver. Eu também congelei. E então apareceu—mais negro que o negro, impossivelmente escuro, com aqueles olhos—aqueles pontos sufocantes de luz—queimando através do escuro.
Ela rosnou novamente, desesperada, mas eu não conseguia me mover. Não conseguia protegê-la. Não conseguia me proteger. A coisa pairava, sua forma distorcendo o ar, pressionando sobre mim. Senti seu peso, frio e pesado, espremendo a vida para fora de mim. Minha cachorra permaneceu congelada, seus olhos fixos na escada, observando, guardando. Duas semanas depois, ela se foi. Nunca descobrimos por quê. Mas eu sei que ela não estava apenas me protegendo. Ela estava nos protegendo, a nós dois, daquela coisa. E eu não pude protegê-la. Não pude salvá-la.
Pensei que talvez fosse apenas um pesadelo de infância. Pensei que talvez tivesse desaparecido com a idade. Mas aos 26 anos, eu estava errado. Voltou, e desta vez, foi pior. Não estava mais apenas no canto. Não estava apenas observando. Desta vez, estava acima de mim, no teto, observando, sufocando. E pela primeira vez, eu o senti. Não era apenas uma presença—era físico. Estava pressionando sobre mim, esmagando meu peito, me sufocando. Seus olhos, aqueles pontos sufocantes de luz, ainda queimavam através da escuridão, mas agora, eu podia sentir o peso deles. Não estavam apenas me observando—estavam pressionando contra mim, me empurrando mais perto do limite.
Eu sei, no fundo, que nunca vai parar. Sempre estará lá, esperando, observando, espreitando no escuro, aguardando a próxima vez que eu fechar os olhos. E toda vez que faço isso, me pergunto: será que vou vê-lo novamente?
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