Passei doze anos no Exército. Saí recentemente depois que meu último contrato terminou. Durante a maior parte da minha carreira, eu era um 31B—polícia militar. Trabalhei com a Patrulha de Fronteira, infantaria, operações conjuntas. O que você imaginar. Não vou fingir que sou algum tipo de durão. Na verdade, sou um covarde. É por isso que me forcei a entrar nas piores situações—para ver se conseguia lidar com elas.
Mas nada, nada me preparou para o que vi embaixo do Texas.
Fiquei estacionado na fronteira por mais de um ano e meio. Oficialmente, estava lá para segurança. Mas não demorou muito para perceber que havia mais por trás disso. Os túneis—dezenas deles, selados com portas grossas de metal, alguns soldados fechados, outros vigiados 24/7. Sempre que eu perguntava, recebia a mesma resposta: "Não é da sua conta. Seu trabalho é manter as pessoas longe."
No início, deixei pra lá. Ordens são ordens. Mas então coisas estranhas começaram a acontecer.
Encontrávamos roupas espalhadas no deserto—sem corpos, apenas tecidos manchados de sangue, como se as pessoas que as vestiam tivessem derretido no chão. Uma noite, um companheiro de equipe jurou ter ouvido gritos de um dos túneis selados—fracos, abafados, como se estivessem enterrados nas profundezas. O comando disse que era o vento.
Então as pessoas começaram a desaparecer. Não apenas imigrantes—soldados.
Rodriguez foi o primeiro. Sem explicação, sem relatório. Um dia, simplesmente sumiu. Algumas semanas depois, foi Carter. Depois Nguyen. Quando eu perguntava, recebia olhares vazios, desculpas murmuradas. Ninguém queria falar sobre isso.
Então uma noite, eu vi por mim mesmo.
Havia uma entrada que nunca tinha notado antes—meio enterrada na areia, escondida no escuro. A porta estava levemente aberta, apenas o suficiente para uma fresta de luz escapar. Eu deveria ter ido embora. Mas meu instinto me disse que essa era minha única chance.
Eu entrei.
O túnel descia em espiral por quilômetros. Quanto mais fundo eu ia, mais quente ficava. As paredes não eram como túneis normais—não havia rocha, nem terra. Apenas algo liso, úmido, orgânico. O ar estava denso com um fedor adocicado e doentio, como fruta apodrecida liquefeita no calor.
Então cheguei ao laboratório.
Mesas cobertas de instrumentos médicos, computadores executando fluxos de dados incompreensíveis. Tubos de líquido escuro e espesso pulsando ritmicamente, como veias esticadas pelo teto. E então, no centro de tudo—
A pele.
Ela se estendia pelas paredes do túnel como uma ferida infectada feita de couro humano—enrugada e viscosa, mas de alguma forma seca, como algo entre carne seca e carne inchada e encharcada. A pior parte era a textura. Era marcada por incontáveis buracos circulares, como uma vagem de lótus, cada cavidade úmida e pulsante, como se estivesse respirando. Alguns dos buracos estavam vazios, escuros e sem fundo. Outros excretavam um muco fino e translúcido que pingava em longos filamentos viscosos, coagulando em poças espessas e fedorentas pelo chão.
E os casulos.
Eles não eram criaturas separadas. Eram parte dela. Centenas de sacos bulbosos, sem pelos, cor de carne, incrustados na pele como tumores enfiados nos buracos tipo lótus. Alguns estavam murchos e vazios, caídos como cistos desinflados. Outros se contorciam, convulsionando com algo vivo dentro. Os maiores pulsavam em espasmos lentos e bruscos, esticando, rasgando, até que—
Eu vi um deles chocar.
O saco se abriu molhado, como carne cozida demais estourando seu invólucro. Uma coisa caiu, viscosa com fluido amarelado, tremendo. Era sem características—sem olhos, sem boca, apenas pele pálida e enrugada. E então se contorceu, membros se desdobrando de dentro de sua massa, esticando em ângulos sobrenaturais, quebrando ossos.
Então ela rastejou.
Não como um animal. Nem mesmo como um inseto. Seus membros dobravam do jeito errado, movendo-se em movimentos bruscos e desarticulados, mas de alguma forma suaves demais ao mesmo tempo, como algo acelerado em uma fita VHS quebrada. Não fazia som. Não hesitava.
Subiu pela pele, em direção aos corpos.
E Deus me ajude—os buracos tipo lótus se abriram mais, esticando como bocas famintas, puxando a criatura de volta para dentro. Ela afundou na carne como se nunca tivesse sido separada dela.
Eu corri.
Não me lembro de sair. Apenas a sensação de algo me observando. As paredes pareciam se fechar, o ar ficando mais denso, pressionando contra minha pele. No momento em que alcancei a superfície, a porta estava fechada. Selada. Como se nunca tivesse sido aberta.
Tentei reportar. Ninguém quis ouvir. Riram de mim, disse que eu estava estressado, mandou tirar uma folga. Foi quando percebi—eu não deveria ter visto aquilo.
Saí do Exército um mês depois. Desde então, tenho procurado respostas. Mas quanto mais eu cavo, mais pessoas desaparecem. Se você está lendo isso, preciso que entenda:
Isso é real.
Está acontecendo.
E eles ainda estão alimentando isso.
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