quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O Visitante de Natal

Começou como uma noite de Natal perfeita. A neve flutuava preguiçosamente do lado de fora, cobrindo o chão com um branco imaculado. Dentro de casa, as luzes da nossa árvore piscavam em padrões multicoloridos e alegres, lançando sombras quentes nas paredes. Meus pais estavam em cima, embrulhando presentes — ou assim diziam.

Eu estava sozinho no sofá, uma caneca de chocolate quente nas mãos, assistindo a algum filme antigo de Natal. Tudo estava parado e silencioso, aquele tipo de paz que você só tem uma vez por ano. Então veio a batida.

Não era uma batida normal. Era pesada, deliberada e muito mais alta do que alguém que busca atenção educadamente. Fervia a porta em sua moldura, fazendo com que uma sensação de frio percorresse minha espinha. Eu congelei, olhando em direção à entrada.

Bater...

Bater...

Bater...

"Mãe... Pai?" chamei, com a voz um pouco trêmula. Nenhuma resposta.

Pisei de mansinho até a porta, espiando pelo olho mágico. Nada. Apenas o alpendre e a neve, intocados e brilhantes. Sem pegadas. Sem sinal de vida.

Estava prestes a me afastar quando a batida veio novamente, mais forte desta vez, como alguém batendo com um punho — ou algo pior — contra a madeira.

"Quem está aí?" gritei.

Silêncio.

Meu coração disparou enquanto destrancava a porta e a abria ligeiramente. Uma rajada de vento gelado atingiu meu rosto, mas ninguém estava do lado de fora. Apenas uma pequena caixa de presente vermelha repousava sobre o capacho coberto de neve.

Era embrulhada em papel brilhante, com um laço dourado no topo. Sem nome. Sem bilhete. Apenas ali parada. A neve ao redor estava intocada, sem trilhas levando para ou desde o alpendre.

Contra meu melhor julgamento, eu a trouxe para dentro. A caixa era leve, quase demasiado leve, mas ao movê-la, algo dentro se mexeu com um som úmido e doentio. Eu gagá um pouco, mas a coloquei na mesa de centro. O ambiente de repente parecia mais frio, as luzes da árvore se apagando como se a energia estivesse falhando.

Fiquei encarando a caixa por horas, pareceu. O som úmido me assombrava. Não era o suave farfalhar de papel de seda ou o tilintar de um enfeite. Soava... orgânico.

Finalmente, eu não pude resistir. Puxei o laço, meus dedos tremendo, e rasguei o papel. O cheiro me atingiu primeiro. Era como cobre e podridão, espesso e enjoativo. Meu estômago se revirou, mas forcitei-me a abrir a caixa branca simples que estava dentro.

Gostaria de não ter feito isso.

Dentro havia um pedaço de carne, cru e brilhante, exudando vermelho escuro sobre o papelão. No começo, não consegui entender. Então percebi que não era apenas carne — era uma mão.

Pequena, delicada e decepada no pulso.

A mão de uma criança.

Deixei a caixa cair, o vômito subindo na minha garganta. A mão decepada atingiu o chão com um som úmido, e o brilho fraco das luzes da árvore de Natal se refletiu em seus ossos irregulares.

Foi então que as luzes se apagaram completamente. Eu tropecei para trás, caindo sobre a mesa de centro e aterrissando com força no carpete.

A sala estava completamente escura, exceto pelo fraco brilho laranja das brasas moribundas na lareira. E naquela luz tênue, vi algo se mover.

Estava no canto da sala, alto e curvado. Seu manto vermelho estava esfarrapado e sujo, gotejando algo espesso e negro. O cheiro de podre aumentou enquanto se aproximava, arrastando algo pesado atrás de si.

O tilintar de sinos quebrou o silêncio, mas não era alegre. Eles soavam descompassados, fora de ritmo, como o último suspiro de uma caixa de música quebrada.

Então vi seu rosto — ou o que restava dele. A pele era pálida e esticada demais sobre uma estrutura semelhante a um crânio. Sua boca estava aberta em um sorriso grotesco, dentes amarelos irregulares brilhando com fios de algo viscoso. Os olhos eram covas profundas, brilhando levemente em vermelho, fixando-se em mim com uma fome predatória.

Suas mãos eram as piores. Dedos longos e ósseos terminando em garras afiadas, ensanguentados.

"Você foi travesso," ganiu, sua voz molhada e gutural, como carne se moendo em um açougue.

Eu me arrastei para trás, minhas mãos escorregando no carpete. Meu pé bateu na caixa, e a mão decepada da criança rolou, batendo contra meu tornozelo.

A criatura avançou. Suas garras arranharam meu ombro, rasgando minha pele e músculos como se fossem papel. O sangue jorrou, quente e pegajoso, pintando o chão e a árvore de Natal. Eu gritei, mas o som foi abafado por aqueles sinos horríveis e estrondosos.

Ela me arrastou pelo tornozelo, suas garras afundando na minha carne. Eu chutei e arranhei o carpete, mas não havia jeito. Ela me arrastou em direção à lareira, seu hálito fétido quente contra meu pescoço.

"Por favor! Pare!" implorei, soluçando.

Ela não ouviu.

Com um movimento rápido, ela me empurrou em direção ao fogo. Minha cabeça bateu contra a prateleira de tijolos, e tudo ficou escuro.

Quando acordei, era manhã de Natal.

A casa estava silenciosa, o fogo ardia baixo, e as luzes na árvore piscavam alegremente novamente.

Meus pais tinham desaparecido.

E na árvore, pendurado em um ramo ensanguentado, havia um novo enfeite. Uma réplica perfeita de mim.

Seu pequeno rosto congelado em um grito, e seus olhos de vidro cheios de terror.

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