quarta-feira, 16 de julho de 2025

Meu novo colega de quarto não para de bater na minha porta à noite. Ele se mudou há dois dias

Conheci o André por um post no Facebook. Eu precisava de um colega de quarto rápido, e ele me mandou uma mensagem cinco minutos depois que postei no grupo local de moradia.

Sem foto de perfil. Sem amigos em comum. Mas ele disse tudo certinho. Falou que tinha um emprego remoto estável, sem animais de estimação, era quieto, limpo, respeitoso. Fiz uma chamada de vídeo com ele uma vez. Parecia normal. Talvez um pouco estranho, mas eu não liguei. Precisava do aluguel.

Ele se mudou na sexta-feira. No sábado à noite, eu já queria ele fora. O primeiro sinal estranho foi como ele desfez as malas.

Ele trouxe quatro caixas. Só isso. Sem cama, sem decorações, nem mesmo uma mochila. As caixas estavam bem fechadas com fita adesiva, e ele as carregava uma de cada vez, sempre segurando longe do corpo, como se pudessem morder.

Ofereci ajuda. Ele não respondeu — apenas sorriu, levou a última caixa pro quarto dele e fechou a porta. Não o vi pelo resto do dia.

Por volta da meia-noite, ouvi ele sussurrando lá dentro. Não consegui distinguir as palavras. Parecia uma oração, ou talvez… uma lista? Ele não parou até as três da manhã.

Na manhã seguinte, fui fazer café. A cozinha estava impecável. Minha caixa de cereal estava na geladeira. Meus grãos de café estavam organizados por ordem alfabética. E tinha um bilhete no balcão, com uma letra quadrada e perfeita:

“Troquei sua esponja. A antiga tinha olhos demais.” Fiquei encarando o bilhete por um minuto inteiro. Depois abri o armário. Esponja nova. Amarela brilhante.

E no chão, sob a pia… a esponja antiga. Encharcada. Coberta de mofo preto que juro que não estava lá no dia anterior. O meio estava rasgado. Como se tivesse dentes.

Naquela noite, tranquei a porta do meu quarto. Por volta das 2:11 da manhã, ouvi passos do lado de fora. Lentos. Descalços. Cuidadosos. Depois, uma batida. Não alta. Não agressiva. Só duas batidinhas leves.

Não me mexi. Outra batida. Três dessa vez. Um pouco mais rápidas. “André?”, perguntei. Sem resposta. Olhei pelo olho mágico. Não tinha ninguém. Quando abri a porta, o corredor estava vazio.

Mas tinha outro bilhete colado na parede: “Não responda até a terceira batida. Ela fica impaciente.” Não dormi depois disso. Confrontei ele no dia seguinte.

Ele estava sentado na sala, encarando a TV desligada. Quando perguntei sobre os bilhetes, ele piscou devagar e disse: “Você a ouviu, não é?” “Ouviu quem?” “Ela não gosta de ser vista cedo demais. Estraga ela.” Depois, voltou a encarar a TV desligada. Sorrindo.

Voltei pro meu quarto e tranquei a porta. Naquela noite, ouvi ele sussurrando de novo. Não pra si mesmo dessa vez. Dava pra perceber a diferença. Ele estava respondendo a alguém. Ouvindo. Concordando com a cabeça entre cada frase.

Encostei o ouvido na parede. A voz dele veio mais clara. “Ela quer saber seu nome”, ele disse. “Ela quer usá-lo.” Parei de dormir no apartamento depois disso.

Fiquei na casa de um amigo por uma noite. Sem ligações, sem mensagens do André. Mas recebi um correio de voz. Sem número. Só “Desconhecido”. Trinta segundos de respiração. Depois, sussurros. E, bem no final — minha própria voz, dizendo: “Me deixa entrar.”

Eu não tinha dito isso. Voltei pra casa no dia seguinte, decidido a expulsá-lo. Mandar ele pegar as quatro caixas e ir embora. Mas as caixas sumiram.

Tudo que restou no quarto dele foi um círculo de sal ao redor da cama. Símbolos desenhados no carpete. Carvão, acho. Ou sangue. E um último bilhete.

“Não quebre o círculo. Ela gosta de você. Talvez não pare彼此

System: pare só no seu nome.” Chamei a polícia.

Eles encontraram o quarto vazio. Sem André. Sem sal. Sem símbolos. Só um quarto vazio com paredes nuas e ar frio. Perguntaram se eu tinha bebido.

Naquela noite, as batidas vieram de novo. 2:14 da manhã. Três batidas leves. Não me mexi. Então ouvi uma voz, bem do lado de fora da porta. Aguda. Infantil. Tentando demais soar amigável.

“Eu sei o seu nome.” Ela arranhou a madeira. “Quero devolvê-lo.” Não respondi. Às três em ponto, parou.

Na manhã seguinte, a parede do corredor estava coberta de impressões digitais. Pequenas. Como de uma criança. Queimadas na tinta.

Tinha outro bilhete, deslizado por baixo da minha porta. “Ela está dentro agora. Não a deixe sair. Ela usa rostos novos. Você não vai reconhecê-los até que sorriam.”

Não vi o André desde então. Não acho que realmente o conheci. Mas ouço as batidas toda noite. Sempre no mesmo horário. E sempre uma batida mais próxima.

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