quinta-feira, 3 de julho de 2025

Quem Eles Esqueceram na Floresta?

Estou de férias, visitando a família no Colorado. Já morei aqui por quatro anos, mas me mudei para o Texas no último ano. Enquanto vivi aqui, explorei muitas trilhas e locais históricos ao redor. Nunca senti nada como o que experimentei nessa caminhada.

Estava procurando no AllTrails uma trilha curta que ainda não conhecesse quando encontrei uma chamada Mason Gulch. Era uma trilha fácil, cerca de 6,5 km no total, com aproximadamente 120 metros de variação de altitude. Perfeita para uma caminhada matinal antes que o calor do verão tornasse tudo insuportável.

De acordo com várias pessoas no AllTrails, a estrada para chegar lá era bem ruim, mas, surpreendentemente, estava em boas condições. Não havia ninguém por lá, o que foi incrível. Prefiro caminhar onde sou só eu e a natureza.

Os primeiros três quartos da trilha não foram muito difíceis. A trilha acompanhava um pequeno riacho pelo desfiladeiro. Havia uma grande área de queimada na entrada, resultado de um incêndio no último ano, mas, a cerca de 400 metros, já havia bastante sombra e flores.

Em certo momento, cruzei com uma corça que quase me causou um ataque cardíaco. Trocamos um “olá” não verbal antes que ela subisse correndo para o mato. Foi aí, porém, que as coisas começaram a parecer estranhas. A cada poucos minutos, ouvia algo se movendo no mato. Não era algo pequeno, como um esquilo ou pássaro. Não, eram passos deliberados, quebrando galhos e mexendo nas folhas. Tentei convencer a mim mesmo que era apenas outra corça ou talvez um coelho, mas meu instinto dizia algo diferente.

Quando cheguei aos três quartos do caminho, senti um aperto no estômago. De repente, fiquei muito nauseado. Nunca tinha sentido isso em uma trilha antes, e sentir-me tão mal sem nenhum aviso prévio era simplesmente estranho. Tentei continuar, mas comecei a ter ânsia de vômito contra uma árvore. Enquanto tentava recuperar o fôlego apoiado na árvore, ouvi algo. O som mais fraco de sussurros. Não conseguia distinguir o que diziam, mas havia uma voz feminina, suave, e uma voz masculina, mais alta e ríspida.

A princípio, pensei que poderiam ser outros caminhantes. Reuni forças e comecei a voltar, mais rápido do que antes. Os sussurros diminuíam, e o farfalhar no mato preenchia o vazio. Sempre caminho com uma pistola por segurança. Levantei-a levemente do coldre, mantendo a mão pronta no cabo. Os sussurros pareceram voltar em resposta a isso, com a voz masculina predominando dessa vez. Apertei o passo.

Olhei para o celular para ver quão perto estava. Sabia que já devia estar quase de volta. Ainda faltava pouco mais de 1,5 km. Ao erguer os olhos, algo chamou minha atenção. Parecia um muro antigo, com cerca de 2,5 metros de comprimento por 1 metro de altura, feito de pedras empilhadas sem argamassa. Os sussurros caíram em um silêncio assustador.

Adoro explorar vestígios históricos. Não consigo me conter. Ignorei meu instinto e caminhei em direção ao muro. Ele ficava na borda de um prado. A encosta do outro lado estava salpicada de pequenos arbustos e flores. Era calmo e tranquilo ali. Meu estômago até melhorou. “Que estranho”, pensei. Caminhei pelo prado para ver se encontrava mais alguma coisa. Havia algumas pedras fora de lugar do outro lado e cacos de porcelana e vidro espalhados ao redor. Dei uma última olhada no muro. Por que algo assim estaria no meio da floresta, sem outros sinais de civilização?

Sabia que as respostas não estariam ali e que precisava sair dali. Respirei fundo e voltei para a floresta. Meu estômago imediatamente começou a se revirar novamente. Os sussurros me seguiam baixinho, como se estivessem começando a perder o interesse na perseguição. O farfalhar, no entanto, persistia.

Estava perto do fim, faltava apenas 400 metros, e quase tudo era em área aberta. À minha direita, a encosta com a queimada; à esquerda, apenas arbustos baixos. Caminhava o mais rápido que podia, pulando sobre troncos caídos e afastando galhos. Então, um som me fez parar. Tum. Tum. Tum. Saquei a pistola, destravei a segurança e mirei na direção do barulho. Silêncio. Examinei a área da queimada de onde veio o som. Será que era uma pedra? O que teria movido a pedra? O chão estava tão seco que, se fosse uma pedra caindo, eu veria poeira, não é? Até os pássaros ficaram em silêncio. Algo queria que eu soubesse que estava lá e estava garantindo que eu saísse.

Mantive a pistola em punho, pronta, mas caminhei o mais rápido que podia em direção à saída. Minha mente estava focada apenas em sair dali e nunca mais voltar. Ao contornar a curva onde estacionei, senti um alívio imenso. Por um segundo, a náusea deu lugar à alegria de ver meu carro.

Entrei na caminhonete o mais rápido que pude, engatei a ré, mas, antes de acelerar, dei uma última olhada. Não havia outros carros. Nenhum sinal, em momento algum, de que havia outra pessoa viva naquela floresta comigo. Quem estava sussurrando? O que estava me seguindo? Por que aquele prado parecia tão diferente do resto? Pior ainda, não consigo explicar, mas, enquanto dirigia para longe, juro que, pelo canto do olho, vi algo quase humano parado na borda da floresta.

Não sei o que encontrei. Não sei por que aquilo queria tanto que eu fosse embora. Tudo o que sei é que, assim que saí, me senti milagrosamente melhor e que nunca mais voltarei àquele trecho de floresta.

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