Quando eu era criança, minha família tinha um Wii desbloqueado. Por causa disso, tínhamos acesso a muitos jogos que já haviam saído de circulação ou eram completamente proibidos. Mas um dos jogos era diferente, chamado "Chegando Mais Perto". A capa era bem inofensiva, apenas um fundo preto com o título escrito em letras brancas no menu do USB Loader. Eu nunca tive muita vontade de jogá-lo, mas depois de me cansar de Kirby, Mario e Dino Strike, finalmente cedi e decidi experimentar o jogo. Normalmente, quando você passa o cursor do Wiimote sobre um jogo, ele toca a música tema ou algum trecho de áudio do jogo, mas quando passei o cursor sobre "Chegando Mais Perto", só ouvi sons de respiração pesada e um tipo de som de arranhões.
Quando passei o cursor, eu poderia jurar que ouvi o mesmo som de arranhões vindo da rua, do lado de fora da janela, mas atribui isso ao nosso sistema de som de última geração. Cliquei no jogo e ele abriu. Era um jogo de plataforma em 3D, mas, ao contrário das cores vibrantes e visuais chamativos dos jogos típicos da Nintendo, este era sombrio e escuro. O personagem era um homem alto e pálido, com uma jaqueta esfarrapada; seu rosto era esticado e deformado, cada polígono parecia sujo e, de alguma forma, perturbador. Os níveis consistiam em caminhar por ruas rachadas e quebradas, matando inimigos com uma faca grande. Eu não estava acostumado com um jogo tão gráfico no Wii, com até mesmo manchas vermelhas se formando sob os corpos dos inimigos derrotados.
Era completamente diferente dos jogos que eu estava acostumado. Os inimigos também eram estranhos; em vez de atacar, eles ficavam parados e gritavam com um grito agudo e horrível. No final de cada nível, um texto piscava na tela: “Chegando Mais Perto”, em letras brancas, exatamente como o título. Algo parecia errado toda vez que o texto aparecia; o sorriso deformado do personagem crescia cada vez mais até a tela mudar para o próximo nível.
Depois de alguns níveis, as coisas ficaram mais estranhas. A rua começou a parecer familiar, as casas ficaram mais detalhadas, e os gritos dos inimigos eram mais altos, como se viessem de fora da minha casa. E o som de arranhões só piorava. No início do nível final, meu coração disparou quando vi que era o interior de uma casa, e não havia dúvida: era a minha casa. Agora, a cada passo, a mensagem piscava: “Chegando Mais Perto, Chegando Mais Perto”, cada vez mais rápido, e o som de arranhões vinha agora de algum lugar no corredor. Joguei o controle no chão, mas a mensagem continuava se aproximando, ficando maior, até que o som de arranhões estava bem do lado de fora da porta. Olhei para cima e vi algo espiando pelo batente da porta, sua cabeça quase tocando o teto, o rosto pálido e deformado. Na tela, era uma recriação perfeita do quarto; havia mais um inimigo sentado na frente de uma TV, e a mensagem havia mudado para “Ele Está Aqui, Ele Está Aqui”, em letras grandes piscando mais rápido do que nunca.
O personagem no jogo e o monstro à minha frente se moviam em sincronia, arrastando uma faca pelo chão, caminhando cada vez mais perto. Ele lentamente ergueu a faca. Pulei para desligar o Wii, mas o botão queimou meu dedo. Ele abaixou a faca, que cravou na perna da minha calça, me prendendo no lugar, mas eu não ia desistir. Peguei o Wii e o arranquei dos cabos na parede; faíscas voaram, e até tocar no console queimava minhas mãos. Assim que o desliguei, joguei-o do outro lado do quarto, onde se espatifou contra a parede. Quando me virei para olhar o batente da porta, o monstro havia desaparecido, deixando apenas a marca entalhada de sua faca no chão da casa.
No dia seguinte, meus pais me contaram que, aparentemente, um assassino em série havia passado pelo bairro, esfaqueando pessoas na rua, mas, misteriosamente, ele parou depois de entrar na nossa casa. Tentei explicar a situação para eles, mas, como eu tinha apenas 8 anos, eles acharam que era apenas minha imaginação fértil misturada com o trauma de um estranho entrar em casa. Não importava quanta terapia me colocassem, eu sabia o que vi. A polícia procurou por anos tentando encontrá-lo, mas nunca conseguiu, e eu sabia que nunca conseguiria. Hoje em dia, investigo outros casos desse jogo; às vezes, ele aparece em caixas de promoção, gravado em CDs, muitas vezes o encontro em Wiis desbloqueados antigos, como o nosso. Eu coletava cada cópia e a queimo, destruo, apago de qualquer jeito que posso. Não vou parar até que todas as cópias tenham desaparecido. Então, se você algum dia encontrar um jogo em uma venda de garagem ou no fundo de uma loja de jogos local com aquele fundo preto distinto e letras brancas, não chegue mais perto, fique bem, bem longe.
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