quarta-feira, 17 de abril de 2024

A viagem fracassada

Neste verão, eu, Paulo e Kennedy alugamos uma cabana de caça na floresta. Na manhã do dia combinado, reunimos nossas coisas e partimos. O caminho era longo; Kennedy e Paulo decidiram tirar uma soneca, enquanto eu assumi o volante. Após duas horas, peguei a estrada que levava diretamente à nossa cabana. A estrada estava terrível, e devido aos solavancos, Paulo e Kennedy acordaram. Começaram a conversar sobre a iminente caça, mas, sinceramente, eu não estava lá para matar animais – eu estava interessado na beleza do lugar (sou um fotógrafo amador e mantenho meu próprio blog onde compartilho minhas fotos).

Logo vimos uma grande lanchonete à beira da estrada. Já eram 5 da tarde, então decidimos parar e fazer um lanche. Ao sair do carro, nos surpreendemos ao ver que em vez de um cão de guarda encadeado, havia um lobo selvagem. Tirei minha câmera e o fotografei. Depois, entramos.

Na lanchonete, além de nós, havia apenas uma mulher idosa. Honestamente, ela parecia muito com uma bruxa de filme. Estava vestida com um vestido sujo, todo roído por insetos, a pele toda enrugada, e um de seus olhos era de vidro. Ao perceber que eu a estava olhando, virou-se na direção da nossa mesa e começou a rir maliciosamente. Com a mão esquerda, ela tirou seu olho de vidro e começou a lamber. Foi uma visão desagradável.

Kennedy pegou minha câmera e exclamou: "Sorria, irmãozinha!" e a fotografou. Ela aparentemente não gostou, pois imediatamente seu rosto se tornou malicioso. Ela se levantou, batendo os pés, se aproximou da nossa mesa. Ficamos surpresos e um pouco assustados com essa reviravolta. A velha jogou com força seu olho de vidro na nossa mesa (ele se quebrou em pequenos pedaços) e, soltando palavras grosseiras, saiu da lanchonete. Ficamos sentados, chocados com seu comportamento.

Ao sairmos do prédio, olhei para o céu e vi que a chuva estava chegando. O lobo que antes estava calmo na corrente começou a se inquietar e uivar prolongadamente. Lembrei-me do que minha avó costumava dizer na minha infância: "Os lobos uivam para os mortos."

Continuamos. Quinze minutos depois, começou a chover forte com trovões. Tentei encontrar uma estação de rádio para melhorar o humor. Encontrei apenas uma estação, que mal funcionava - estávamos profundamente na floresta e a conexão era péssima. As nuvens cobriram o céu, ficou escuro - tive que ligar os faróis. Olhei para o banco de trás e vi que os rapazes estavam dormindo novamente. Sorri - como eles caçariam se estivessem sempre dormindo? Olhando para a estrada novamente, vi a velha parada lá.

Pisei no freio bruscamente. Devido à parada repentina, Paulo e Kennedy bateram a testa nos bancos da frente.

— O que você está fazendo? — reclamou Paulo.

Respondi com uma voz trêmula:

— Olhe para frente.

Não podíamos acreditar no que nossos olhos viam. Como essa louca poderia chegar aqui tão rapidamente?

Não havia nada a fazer. Saí do carro, me aproximei cuidadosamente da velha, que olhava diretamente para mim, e comecei:

— Desculpe-nos pelo que aconteceu na lanchonete...

Ela não me deixou terminar – balançou-se e me deu um tapa no rosto. O golpe foi tão forte que me derrubou. Kennedy e Paulo pularam do carro. Paulo começou a me levantar, e Kennedy começou a gritar com a velha. Ela ficou no lugar, rindo. Kennedy se preparou para socá-la, mas então a velha abriu a boca e um enxame de abelhas voou de lá. Elas cobriram todo o rosto de Kennedy. Eu não podia acreditar no que meus olhos viam... Paulo também ficou parado ao meu lado, incapaz de se mexer.

Finalmente, a velha fechou a boca, levantou a cabeça para cima e começou a rir alto novamente. Kennedy caiu no chão e não se mexeu. Paulo e eu corremos para o carro e trancamos todas as portas por dentro. O verdadeiro pan...pânico começou. Eu olhava para as janelas, mas não via a velha. Meu coração batia loucamente. Paulo procurava seu telefone na bolsa para ligar, e eu me mudei do banco de trás para o da frente, tentando sair daqui...

Quando olhei para cima, vi novamente a velha na frente do carro. Em suas mãos, ela segurava as chaves do carro - ela as agitava e ria. Paulo e eu a encaramos, boquiabertos. Em seguida, virei para Paulo e vi seu rosto começando a derreter como gelo em clima quente.

— Seu rosto!... — exclamei horrorizado.

Ele tocou o rosto com a mão, e ele grudou em sua palma. Ele tentou remover a mão, e a pele esticou como borracha. Nesse momento, perdi toda a esperança de sair vivo dessa situação.

Espuma saiu da boca de Paulo. Com uma voz rouca, mal audível, ele disse: "Me ajude". Virei a cabeça, incapaz de olhar para ele. Na cadeira ao lado, perto de mim, estava a velha.

Eu fiquei paralisado. Mãos e pés se recusaram a se mexer. A velha tocou em mim, e tudo ficou escuro diante dos meus olhos...

Acordei de manhã na borda da floresta, perto da maldita lanchonete. Meu corpo doía, como se tivesse sido espancado a noite toda. Ao meu lado estavam Paulo e Kennedy, e em seus rostos estava claro que eles também se sentiam terríveis.

Nosso carro não estava na lanchonete. Sem dizer uma palavra, entramos no prédio. Sentada em uma mesa no canto estava a mesma velha. Ela olhou para nós e riu alto.

0 comentários:

Tecnologia do Blogger.

Quem sou eu

Minha foto
Escritor do gênero do Terror e Poeta, Autista de Suporte 2 e apaixonado por Pokémon