quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Minha namorada terminou comigo depois de uma lesão na minha cabeça. Sete meses depois, descobri o porquê...

No começo deste ano, minha ex-namorada, Alexandra, terminou comigo por motivos que ela ainda não me contou pessoalmente. As semanas antes do término são um borrão na minha memória. Eu sofri uma lesão na cabeça, sem me lembrar de como aconteceu, e suspeito que isso seja o motivo de eu não conseguir recordar nada do que supostamente fiz ou disse para ela.

A Alex e eu nos conhecemos desde o ensino médio, mas só viramos um casal no nosso primeiro ano de universidade. Agora estamos no segundo ano, e nossas moradias ficam a uns 20 minutos de distância uma da outra.

Três dias atrás, o diário da Alex chegou pelo correio na minha casa. Provavelmente foi ela quem mandou, mas não tenho como confirmar. Ao ler as entradas das datas que eu não lembro, senti um terror que não dá para sacudir. Um que não me largou desde então.

Um pouco de contexto extra para essa história: Bunny-Bunny era um grupo infame no Facebook em 2022, onde os membros postavam fotos supersaturadas de crianças da escola (a maioria meninos), junto com uma nota de zero a cinco cenouras. Isso vinha acompanhado de legendas perturbadoras, tipo "gosto único" ou "boca linda". O grupo começou a circular por quase todas as escolas da minha região e era o que todo mundo comentava. A teoria principal entre os alunos era que predadores locais usavam o grupo para avaliar vítimas em potencial, mas nunca teve prova disso. O grupo foi banido rapidinho do Facebook depois que os pais das crianças envolvidas descobriram as postagens. Depois do incidente, e de umas dezenas de reclamações na minha escola, fomos proibidos de falar sobre isso de novo, por respeito aos alunos afetados.

Abaixo, vão trechos do diário que eu resumi para incluir só as partes sobre mim, nos dias que antecederam o nosso término.

Terça-feira, 7 de janeiro

O Daniel me ignorou o dia inteiro. Ele costuma me mandar uma mensagem fofa toda manhã para começar o dia bem, mas hoje só respondeu por volta das 17h. Quando finalmente falou, perguntou se eu queria ir até lá, e eu disse que sim, toda animada. Mas, quando cheguei, o comportamento dele estava... estranho.

Ele me deu um sorriso esquisito e parecia estar agindo todo tímido perto de mim; me olhando como se estivesse deslumbrado. Achei fofo e pensei que era porque ele me achava linda naquele dia. Tinha também um hematoma bem visível do lado esquerdo da testa dele, o que me preocupou, mas ele dispensava sempre que eu tocava no assunto. "Não é nada" "Para de se preocupar". Decidi deixar pra lá porque ele ficava visivelmente irritado com os meus comentários, e eu tinha medo de ter envergonhado ele.

Sexta-feira, 10 de janeiro

O comportamento do Daniel está ficando preocupante. Ele não está indo às aulas como de costume e fica esquecendo coisas básicas, tipo onde deixou as chaves, datas que a gente marcou, senhas dos e-mails etc. E tem um cheiro horrível vindo da cama dele.

Ele também pegou uns hábitos esquisitos, coisas que nunca demonstrou antes. Hábitos como lamber os lábios toda vez que me vê, cheirar meu cabelo, me apertar mais forte do que o normal quando a gente se abraça, e quase não piscar. Acho que o pior é a queda óbvia na higiene dele. Ele não toma banho nem escova os dentes a menos que eu fale, e eu tenho que praticamente forçar. A gente divide os mesmos produtos de skincare, e dá pra ver que ele está negligenciando tudo.

Segunda-feira, 13 de janeiro

Ontem à noite, fui para a moradia do Daniel depois da minha aula, e ele estava ainda mais desleixado do que nos últimos dias. Os olhos dele estavam vermelhos de sangue e a respiração dele era bem pesada. Parecia que ele estava ficando sem ar. Perguntei se ele estava bem, e ele praticamente se jogou em cima de mim e começou a me beijar de forma agressiva. Isso me pegou de surpresa, então eu o empurrei com toda a força, mas mesmo assim ele continuou tentando subir em cima de mim. Eu gritei "Que porra é essa que tá acontecendo com você!", e isso pareceu acordá-lo, mas ao longo do resto do dia ele ficava tentando me convencer a transar com ele.

À medida que a noite foi escurecendo, o Daniel ficou mais frustrado. Toda vez que eu ousava recusar as investidas sexuais esquisitas dele, ele me olhava como um animal selvagem. Sinceramente, aquilo estava começando a me dar arrepios. Ele tinha uma expressão vazia no rosto, não piscava, e os olhos dele até começaram a encher de lágrimas. Fui escovar os dentes para fugir da situação, mas quando voltei uns minutos depois, ele estava completamente apagado, como se já estivesse dormindo há horas. Percebi que os olhos dele estavam vermelhos provavelmente por exaustão, e, por sorte minha, o sono finalmente o pegou.

Aliviada, peguei meu celular e chamei um Uber na hora para não ter que voltar sozinha para a minha moradia, mas logo depois de pagar, vi algo se mexendo no canto inferior do meu olho. Olhei rápido para baixo e vi uma mão de pessoa, rastejando devagar de debaixo da cama do Daniel. Não tem palavras para descrever o medo que eu senti nesse momento. Fiquei parada, paralisada, enquanto esse homem de meia-idade começava a sair de baixo do corpo inconsciente do meu namorado. O cara era um pouco acima do peso, careca, e parecia um cadáver de uma semana. Depois que ele se levantou, a gente se olhou por um instante, e a boca dele se contorceu no sorriso mais horrível que eu já vi, antes de dizer as palavras "obrigado". Nesse momento, saí do transe de pavor, gritei o mais alto que pude e corri direto para fora do prédio, sem perder tempo pegando nenhuma das minhas coisas.

Quinta-feira, 16 de janeiro

Passei os últimos três dias na casa dos meus pais, só tentando processar toda essa situação com o Daniel. Ele voltou a me mandar mensagens de bom-dia como se nada tivesse acontecido, e alega não ter ideia de quem era o homem debaixo da cama dele. O que eu quero saber é por que ele disse "obrigado". Será que ele estava nos gravando? O Daniel sabia disso e estava sendo pago para realizar a fantasia pervertida desse cara de espiar uma garota de 19 anos? Talvez por isso ele tenha insistido tanto em transar comigo o dia todo, e ficado bravo quando eu recusava. Acho que vou simplesmente cortar ele da minha vida, porque essa história toda estragou a forma como eu o vejo.

Sexta-feira, 17 de janeiro

Hoje de manhã, recebi um e-mail de uma ex-colega da minha antiga escola com um link anexado. O link era para um grupo no Facebook chamado "Rabbit-Rabbit". Cliquei por curiosidade e não estava nem um pouco preparada para o que vi. O grupo era o Bunny-Bunny em tudo, menos no nome. Centenas de postagens de crianças e adolescentes sendo avaliados com cenouras. Esses tarados estavam ativos e postando o tempo todo, pelo menos duas postagens por dia no último ano. Minha raiva durou pouco e logo virou horror quando rolei para baixo e vi um rosto familiar em uma postagem de terça-feira, 14.

A foto de perfil do usuário que postou era o mesmo sorriso torto que eu vi no quarto do Daniel. Era o homem debaixo da cama. O nome de usuário dele era "Elmer Fudd" e, para o meu choque total, ele postou uma selfie supersaturada do Daniel, com cinco emojis de cenoura na testa dele.

A legenda dizia "Pele confortável".

Fim dos trechos do diário

Eu chequei a selfie usada na postagem do Rabbit-Rabbit (que, surpreendentemente, ainda está no ar) e não me lembro de ter tirado ela. Achei que a Alex estava mentindo quando me perguntou sobre um tal "homem que saiu rastejando de debaixo da cama". Espero que alguém aqui consiga dar algum sentido a tudo isso, mas acho que o melhor é eu tentar não entrar em contato com ela mais.

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Escritor do gênero do Terror e Poeta, Autista de Suporte 2 e apaixonado por Pokémon