sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Sempre ouvi dizer que não se deve responder a vozes na floresta... mas e se uma delas começar a te seguir?

Eu sempre odiei quando as pessoas chamavam as Montanhas Apalaches de "assustadoras". Eu me perguntava: como alguém pode olhar para um dos lugares mais bonitos da Terra e achá-lo assustador?

Naquela época, eu fazia muitas trilhas, sem um propósito claro. Simplesmente vagava... Era tão tranquilo.

Agora, nunca mais sentirei essa paz.

Vivo na região dos Apalaches há alguns anos e sempre falo o quanto amo as florestas e montanhas, mas não posso dizer que cresci aqui. Passei a maior parte da minha infância na cidade, mas isso não importa muito. Desde pequeno, eu sabia que as montanhas eram o meu lugar. Quando cresci e consegui juntar um pouco de dinheiro, me mudei sem olhar para trás.

Meus avós moram no leste do Tennessee desde sempre. Eu não os conhecia muito bem, já que só nos víamos em feriados ou ocasiões especiais. Perguntei se podia ficar com eles até me estabelecer por aqui. Eles disseram que sim. Isso foi há dez anos. Engraçado como o tempo passa rápido.

Eu poderia contar mais, mas minha história de vida não é o que quero compartilhar.

O incidente que vou relatar aconteceu há alguns verões, num dia comum. Eu estava de folga e decidi aproveitar o tempo livre. Como já mencionei, fazia trilhas com frequência, e aquele dia não foi muito diferente. Eu tinha um lugar favorito, uma trilha de tamanho razoável que acompanhava um riacho. Era um lugar lindo, especialmente no verão.

Estacionei o carro na beira da estrada, onde a trilha começava, e saí do meu carrinho velho. Fui até o porta-malas e, depois de mexer algumas vezes na alavanca, consegui abri-lo. Peguei minha mochila de trilha — pequena, comparada à maioria, porque não gosto de carregar muito peso quando caminho.

Fechei o porta-malas com um baque e comecei a trilha. Era um pouco mais tarde do que eu gostaria, mas nada que eu não pudesse lidar.

Mas não foi a escuridão que me fez temer aquele lugar tanto quanto os outros.

Eu já tinha percorrido essa trilha algumas vezes, mas ela sempre parecia diferente. Honestamente, era um dos motivos pelos quais eu gostava tanto daquele lugar. Diferente... a cada vez. A trilha começa suave, acompanhando o riacho, mas vai ficando mais íngreme à medida que você sobe a montanha.

A paisagem e a natureza eram realmente maravilhosas. O canto dos pássaros, o som suave da água correndo pelo riacho enquanto eu caminhava — tudo isso era incrível para mim.

Então... ouvi algo.

No começo, achei que era minha mente pregando peças. Mas então ouvi de novo, um pouco mais alto. Era uma voz? Ou talvez algum pássaro novo que tinha migrado para a região?

De qualquer forma, tentei não dar atenção. Era só mais um som da natureza, afinal.

Continuei caminhando, o barulho das folhas secas ecoando a cada passo. Mas, assim que meu pé tocou o chão novamente, todos os pássaros pararam de cantar.

Olhei ao redor, confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Agora, estava quase silencioso. Os pássaros, que normalmente fazem a maior parte do barulho na floresta, simplesmente... sumiram.

Respirei fundo. Será que eu tinha feito algo para assustá-los?

Não parecia provável. Foi repentino demais.

Dei mais alguns passos, o som das folhas sob minhas botas parecendo mais alto agora. "Deve ser só um falcão por perto ou algo assim...", pensei.

Então, ouvi de novo.

Aquele som.

Fechei os olhos e escutei, realmente escutei, tentando decifrá-lo.

O que ouvi me gelou até os ossos.

Era uma voz.
E vinha de trás de mim.

Meu coração despencou, e lutei contra a vontade de me virar. Cada segundo parecia uma hora.

Aquela voz...

Não soava certa. Não soava nada certa.

Era simplesmente errada, em todos os sentidos possíveis.

Parecia uma pessoa... mas não era. Como se fosse uma criatura tentando, sem sucesso, imitar uma pessoa.

Ela tinha dito meu nome. A coisa atrás de mim sabia meu nome.

Fiquei paralisado, apenas parado ali. Meu coração disparava, e eu podia sentir cada batida como um tambor no peito.

Provavelmente, eu deveria ter corrido, mas não corri.

Não consegui.

Sentia a presença dela atrás de mim. Eu podia ouvi-la... respirando.

Então, voltei à realidade.

Comecei a correr o mais rápido que podia. A adrenalina pulsava em ondas, e tudo ao meu redor virou um borrão. Só me importava em fugir.

Corri, com galhos e arbustos passando por mim como um chicote. Antes que eu percebesse, cheguei ao meu carro. Não sei como cheguei lá, nem me lembro de ter virado, mas isso não importava.

Abri a porta com força, entrei e liguei o carro. Pisei no acelerador e saí dali o mais rápido possível.

Enquanto dirigia, olhei pelo retrovisor.

E eu vi.

Não consigo... não consigo descrever.

Parte de mim ainda se recusa a acreditar que aquilo foi real.

Não consigo mais entrar na floresta. Não consigo nem pensar na floresta sem ver aquela coisa.

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