domingo, 22 de junho de 2025

Será que eu acabei de vivenciar a morte?

No dia 24 de maio de 2025, tudo começou como um dia normal. Eu estava me preparando para meu passeio diário de bicicleta até a academia, sem pressa, e tudo parecia estar bem. Saí de casa e pedalei em direção à academia. Então, do nada, aconteceu. Sofri um acidente. Foi brutal. Senti meus ossos quebrando, meus pulmões colapsando, e foi a coisa mais real e dolorosa que já senti. De repente, uma vibração estranha me atingiu, começando na cabeça e percorrendo todo o meu corpo. Tudo escureceu por um segundo. Foi quando desabei na estrada, meio que debaixo do carro que me atingiu.

Quando recobrei a consciência, eu não estava mais sob o carro. Estava de pé na beira da estrada, segurando minha bicicleta ao meu lado, observando as consequências do acidente. Vi alguém ali, no meio dos destroços, ensanguentado, coberto de vidro, imóvel. Não parecia real. Cambaleei até a vitrine de uma loja para me olhar, e eu estava bem. Sem sangue, sem arranhões, nada. Convenci a mim mesmo que tudo aquilo era coisa da minha cabeça. Alguma ilusão vívida e louca, ou algo assim.

Minha principal reação foi choque, devido à brutalidade intensa do acidente, com sangue por todos os lados, pessoas gritando, pedindo ajuda e gravando com seus celulares.

Mas então notei a cena do acidente: minha bicicleta, minha mochila, todas as minhas coisas de academia espalhadas por aí. Eram as minhas coisas, mas duplicadas? Porque eu também estava segurando elas. Será que isso era algum tipo de falha na realidade? Eu não sabia o que fazer. Me sentia entorpecido. Então, simplesmente continuei pedalando, como uma máquina, como se estivesse fugindo do que quer que tivesse acontecido.

Depois do ocorrido, decidi encerrar o dia e voltar para casa. No caminho, fiquei incomodado com como aquele acidente bizarro aconteceu, e, naquele momento, pensei que poderia ter sido eu se não tivesse cuidado, ou talvez fosse eu? Estava muito confuso e inquieto durante esse tempo.

O dia seguiu como de costume, mas, quando cheguei em casa, a casa estava vazia. Era por volta das 11h20, e imaginei que minha mãe tinha saído para comprar algo para o almoço. Nada de mais. Passei o tempo jogando no computador e rolando pelas redes sociais, mas, às 19h, ela ainda não tinha voltado. Foi quando comecei a ficar preocupado. Tentei ligar para ela, mas meu celular não conseguia conectar com o número dela, nem mesmo quando saí de casa. Bati nas portas dos vizinhos próximos, mas ninguém respondeu. Era como se o mundo inteiro tivesse ficado em silêncio.

Tentei manter a calma e disse a mim mesmo que ela voltaria pela manhã. Fui para a cama cedo.

Na manhã seguinte, acordei por volta das 4h30, provavelmente porque dormi às 19h. Segundos depois de acordar, finalmente ouvi barulhos na casa. Fiquei tão aliviado. Corri para ver minha mãe, mas ela estava ocupada arrumando malas e chorando enquanto falava ao telefone. Perguntei onde ela esteve, mas ela me ignorou. Pensei que talvez ela estivesse muito chateada para conversar, então apenas a segui até o carro e perguntei se podia ir junto. Ela não respondeu, então entrei no banco de trás.

Ela nos levou ao hospital, chorando e gritando. Não me lembro claramente do que ela disse, mas era algo como: “Estou indo o mais rápido que posso! Por que isso tinha que acontecer?” Não disse nada, não queria perturbá-la mais. Quando chegamos, ela correu para dentro, e eu a segui. Foi quando vi.

Eu me vi, deitado em uma cama de hospital, pálido e imóvel. Morto.

Foi quando a ficha caiu. Eu não sobrevivi ao acidente. Eu não estava vivo. O acidente que vi no caminho para a academia? Era eu.

Desabei. Gritei. Implorei para que alguém me ouvisse. Lembro de tentar bater com todo o peso do meu corpo nas paredes do hospital, mas ninguém notava. Tentei gritar o mais alto que podia. Ainda assim, nenhuma reação. Foi quando percebi que eu não existia mais.

Eu não podia acreditar. Minha mãe não estava me ignorando o dia todo; ela literalmente não podia me ver ou ouvir. Vê-la chorar e tão devastada tornou tudo ainda pior. Por três dias, fiquei arrasado e ainda em choque. Apenas fiquei em casa, tentando processar tudo. Tudo parecia real demais: a brisa, o cheiro das velas do meu funeral, o chão sob meus pés. Pensei que talvez estivesse sonhando, mas não parecia um sonho.

Fiquei acordado naquela noite, sussurrando para mim mesmo: “Isso não pode ser real.” Cada minuto parecia uma eternidade. Andei de quarto em quarto pela casa, sentindo-me estranho com o que aconteceu.

Então, no terceiro dia, 27 de maio de 2025, as coisas ficaram ainda mais estranhas. Um orbe apareceu do nada. Juro que não estava alucinando ou vendo coisas. Me assustou muito, foi uma visão aterrorizante. Estava cercado por uma aura dourada, quase como chamas, mas sem peso, e tinha várias outras coisas pequenas e sem forma flutuando ao seu redor. Não tinha boca, mas de alguma forma falava. Ficava sussurrando “Não tema” repetidamente. Fiquei paralisado de medo e, mesmo que quisesse me mover, não conseguia. Ele se aproximava cada vez mais, até que mãos quentes me pegaram e começaram a me carregar para o céu.

Por um segundo, pensei que estava sendo levado ao céu ou algo assim. Mas paramos, e tudo mudou. O calor virou frio, e o tom do orbe ficou raivoso. Era como se eu tivesse falhado em algum teste não dito. Ele avançou contra mim, e o tempo desacelerou, como uma cena de filme.

Estranhamente, notei um avião voando acima, mais rápido que o orbe que havia desacelerado. O avião se aproximava cada vez mais até cobrir completamente minha visão. Então, tudo ficou preto.

Após o apagão, não me lembro de nada, apenas escuridão.

No dia 12 de junho de 2025, acordei. Estava de volta na minha cama de hospital. Estava com vários tubos conectados a mim, e minha cabeça doía a cada pequeno movimento, como se uma faca a estivesse perfurando várias vezes. Mas agora não sei mais o que é real. Será que tudo foi apenas um sonho louco e vívido? Será que eu realmente morri? Será que ainda estou sonhando agora?

Não consigo me livrar da sensação de que estou preso entre dois mundos. É como se estivesse vivo, mas, ao mesmo tempo, não estivesse. E, honestamente, não sei mais no que acreditar. Me sinto muito estranho, e a pior parte é que aceitei minha morte e me despedi de todos que amava. Não sei se devo me sentir feliz ou triste.

Hoje é 20 de junho de 2025, e ainda não consigo compreender o que aconteceu comigo. Ainda estou muito ansioso com aquele orbe que me seguiu, como se ele pudesse aparecer novamente.

(Atualmente, estou internado no hospital, em tratamento e me recuperando lentamente. Minha mãe e eu estamos melhores, mas ainda me sinto inquieto com aquele orbe que sonhei.)

Nota: Fui internado às pressas no hospital, inconsciente, no dia 24 de maio de 2025, e acordei por volta das 14h do dia 12 de junho de 2025.

Algo está errado com minha esposa

Tudo começou de forma sutil. Eu desligava a TV e via minha esposa parada na entrada do corredor, meio na penumbra. Sem celular, sem água, sem motivo aparente para estar ali. Ela não fazia nada. Apenas ficava parada. Observando. Perguntei se ela precisava de algo. Ela não respondeu, apenas se virou e foi embora. Pensei que talvez não estivesse conseguindo dormir.

Mas isso continuou acontecendo. Eu a encontrava em diferentes lugares, sempre no escuro. Parada na porta do banheiro. Agachada atrás do balcão da cozinha. Encolhida no canto do armário do quarto de hóspedes. Ela nunca dizia nada. Nunca se movia até que eu a notasse. Então, calmamente, ela se afastava como se nada tivesse acontecido. Uma noite, flagrei-a encarando a televisão desligada por quase uma hora, imóvel, mal piscando. Perguntei o que ela estava fazendo. Ela apenas disse: “Estou escutando.”

Instalei câmeras. Uma no corredor. Outra na sala. Uma no quarto. Nas duas primeiras noites, nada. Na terceira noite, às 2h14 da manhã, ela apareceu no enquadramento do quarto e ficou parada aos pés da cama. Completamente imóvel. Não piscou por doze minutos inteiros. A boca estava ligeiramente aberta. Depois, ela saiu. Mostrei o vídeo para ela no dia seguinte. Ela olhou para a tela em silêncio, então disse: “Não me lembro disso.” Não pediu para apagar o vídeo. Apenas foi para o banheiro e trancou a porta.

As coisas pioraram. Encontrei sangue no interruptor do corredor. Manchas na parte interna da porta do armário. Uma toalha encharcada e dobrada debaixo da pia. Ela disse que não era dela. Foi tudo o que falou. Certa vez, acordei e a encontrei no chão ao lado da cama, deitada de costas, olhos arregalados, encarando o teto. Em outra noite, ela estava debaixo da mesa da cozinha com algodão enfiado na boca. As mãos tremiam, mas ela não falava. Quando tentei tocá-la, ela recuou e se encolheu no canto como se eu fosse um estranho.

Ela começou a me gravar. Não percebi até notar uma luz vermelha piscando atrás do espelho. Havia câmeras nas saídas de ar. Uma dentro de uma caixa de cereal. Outra atrás do vaso sanitário, apontada para a porta. Confrontei-a. Ela não negou. Disse apenas: “Você não estava olhando. Alguém precisa fazer isso.”

Fiquei fora por três dias. Quando voltei, todos os espelhos da casa haviam sumido. Não estavam cobertos ou quebrados. Foram arrancados das paredes. Encontrei terra no chão, como se alguém tivesse andado descalço em círculos. As paredes do corredor estavam arranhadas, não com palavras, mas com sulcos longos e irregulares. Do tipo que as pessoas fazem quando entram em pânico e não conseguem falar.

Naquela noite, acordei com ela sentada no meu peito. Sem se mover. Apenas me encarando. Seus olhos estavam desfocados. O rosto, pálido. Havia sangue seco no queixo. Não sei se era dela ou meu. Suas mãos pairavam acima do meu pescoço, mas nunca me tocaram. Então, ela se inclinou, como se tentasse ouvir algo dentro do meu corpo. Num sussurro quase inaudível, disse: “Você precisa continuar me observando. Se desviar o olhar, eu esqueço como parar.”

Pisquei. Ela sumiu. A porta dos fundos estava aberta. A garagem, vazia. E havia um martelo ao lado da porta da frente. Ainda quente. Ainda úmido. Ela não voltou.

Agora, acordo com sons que não existem. Passos leves no carpete. Uma respiração do lado de fora da porta do quarto. Cliques no corredor, como se alguém testasse a fechadura repetidamente. Ontem à noite, abri meu celular e encontrei 39 vídeos novos que nunca gravei. Todos eram de mim — comendo, dormindo, escovando os dentes —, sempre filmados de trás. Sempre de uma distância suficiente para que eu nunca percebesse.

No último vídeo, estou na sala, olhando para algo no chão. A câmera se inclina, e vejo o corpo dela. O rosto está partido ao meio. Os braços, dobrados para trás. A boca, sorrindo. Ela está repetindo algo com os lábios, sem parar. Diminuí a velocidade, quadro a quadro. As palavras são claras:

Você piscou.

sábado, 21 de junho de 2025

O Terceiro Andar

Eu me mudei para o prédio porque era barato, antigo e perto do trabalho. Era um daqueles apartamentos de tijolo pré-guerra, em ruínas, com papel de parede descascando, luzes amareladas e corredores estreitos que sempre tinham um leve cheiro de poeira e algo mais que eu não conseguia identificar.

Meu apartamento ficava no segundo andar. O terceiro andar, segundo o proprietário, estava “fechado para reformas”. O elevador não ia até lá, e a escadaria tinha uma corrente enferrujada esticada nos últimos degraus, com uma placa desbotada de “NÃO ENTRE” mal pendurada. Ele não disse mais nada, e eu não perguntei. Só queria um lugar tranquilo e barato.

Os primeiros dias foram normais. Eu chegava em casa, esquentava qualquer jantar que pudesse pagar, assistia a alguns programas e caía no sono. Mas por volta da quarta noite, comecei a ouvir barulhos vindos do terceiro andar. No início, eram fracos — como passos arrastando pelo chão. Eu disse a mim mesmo que talvez alguém estivesse trabalhando lá até tarde ou que os canos estavam com problema.

Mas depois os sons ficaram mais nítidos. Passos, lentos e pesados. Às vezes, batidas. Não rítmicas como uma máquina — irregulares, como dedos batendo na madeira. Então, comecei a ouvir uma respiração. Não através das paredes. Não de cima. Mas perto. Como se alguém estivesse logo atrás da minha porta à noite, exalando suavemente pelo nariz.

Perguntei novamente ao proprietário sobre o terceiro andar. Ele me olhou por um longo segundo e disse: “Não deveria ter ninguém lá em cima. Nenhum trabalhador. Se ouvir algo, ignore. E não vá xeretar.”

Naquela noite, deixei um copo d’água ao lado da cama e adormeci com fones de ouvido. Acordei exatamente às 2h11 da manhã. Meu quarto estava gelado. Os fones estavam fora dos meus ouvidos, colocados cuidadosamente na mesa ao meu lado. O copo d’água estava vazio. Não digo derramado. Digo seco como se não tivesse sido preenchido havia semanas. Sentei-me no escuro e apenas encarei a porta, o coração batendo forte no peito, sem me mover por horas.

Algumas noites depois, os barulhos recomeçaram. Mas dessa vez, eu podia ouvir algo sendo arrastado. Não móveis. Algo mais pesado, e mais macio, como tecido. Depois, sussurros. Não conseguia distinguir as palavras, mas vinham de cima.

Não consegui me conter. A curiosidade venceu. Fui até a escadaria, passei por cima da corrente e subi lentamente para o terceiro andar. Cada degrau rangia como se gritasse para ser notado. Quando cheguei ao topo, o corredor estava completamente escuro. Minha lanterna mal atravessava a escuridão. As paredes estavam rasgadas. A tinta descascava em placas grossas. Todas as portas estavam fechadas, exceto uma, ligeiramente entreaberta no final do corredor.

Caminhei em direção a ela, cada instinto gritando para voltar. Mas empurrei a porta suavemente. O quarto estava vazio. Apenas poeira e tábuas quebradas no chão. Mas o ar parecia denso, como se eu estivesse debaixo d’água.

Então ouvi — atrás de mim. Uma expiração lenta.

Virei-me e vi a silhueta de alguém no final do corredor. Estava perfeitamente imóvel, com a cabeça ligeiramente inclinada. Sussurrei “Olá?”, mas não recebi resposta. Não se moveu. Não falou. Apenas me encarou.

Entrei de volta no quarto e bati a porta. Esperei, coração disparado, mão na maçaneta. Esperei por passos, pela porta tremer, por qualquer coisa. Mas nada aconteceu.

Eventualmente, abri a porta. O corredor estava vazio. A figura havia sumido.

Corri de volta para meu apartamento e arrumei tudo naquela mesma noite. Nem esperei pelo amanhecer. Deixei a chave na bancada da cozinha e saí. Não avisei o proprietário. Não contei a ninguém.

Uma semana depois, pesquisei sobre o prédio na internet. Sem notícias. Sem histórico. Nada sobre ele. Mas em um post de fórum, enterrado entre histórias de fantasmas e lendas urbanas, alguém mencionou o prédio pelo nome.

Disseram que ninguém morava no terceiro andar há mais de trinta anos. Não desde que o inquilino que vivia lá parou de sair do apartamento e as pessoas começaram a ouvir sua respiração através das portas.

Reflexão à Meia-Noite

Nunca acreditei em fantasmas até a noite que passei sozinho naquela velha cabana à beira do lago. Parecia perfeita no início — um retiro tranquilo para escapar dos meus prazos intermináveis e do barulho constante da cidade. Os proprietários me avisaram que o lugar parecia vazio após o anoitecer, mas riram, dizendo que era apenas o charme rústico. Não dei importância. Dirigi pela estrada de terra sinuosa ao entardecer, descarreguei minhas malas e me instalei.

A primeira noite passou sem incidentes. Cozinhei macarrão no fogão pequeno, lavei a louça à mão e folheei um livro de bolso até meus olhos pesarem. Programei o despertador para as seis e meia, apaguei todas as luzes e fui para a cama. A cabana rangia e suspirava com a brisa suave, mas me sentia seguro.

Exatamente à meia-noite, acordei. O quarto estava silencioso, exceto pela minha própria respiração. Olhei para o velho espelho emoldurado pendurado em frente à cama e fiquei paralisado. O reflexo me mostrava sentado, encarando o espelho. Só que eu não estava totalmente no quadro do espelho. Apenas minha cabeça e ombros apareciam, como se o vidro tivesse engolido o resto de mim. Meu coração disparou. Deitei-me novamente e fechei os olhos, convencido de que era um truque do meu próprio cansaço.

Trinta minutos depois, acordei outra vez. O espelho refletia o brilho fraco da luz do corredor, mas meu reflexo estava mais próximo dessa vez. Eu podia ver meus olhos se arregalando de horror. Atrás de mim, no vidro, havia uma figura pálida com olhos escuros e cabelos desalinhados pelo vento. Ela me encarava sem expressão. Prendi a respiração, com medo de me virar e enfrentá-la diretamente. Meu pulso latejava. Quando ousei desviar o olhar do espelho, a figura não estava lá. Pisquei com força e olhei novamente. O corredor além da cama estava vazio, a superfície do espelho ainda marcada por impressões digitais leves que eu não lembrava de ter deixado.

Levantei os pés da cama e me sentei, com os músculos tremendo. Sussurrei na escuridão, perguntando quem estava ali. Nenhuma resposta. O espelho apenas me refletia, sozinho. Acendi o abajur ao lado da cama, e o quarto se encheu de uma luz âmbar suave. O reflexo me mostrava piscando para afastar o sono dos olhos. Nenhuma figura aparecia no quadro. Convenci-me de que era estresse, ou talvez o efeito de muito café.

Não dormi pelo resto da noite. Enrolei-me em cobertores no sofá, encarando a lenha crepitante na lareira. Quando a manhã chegou, a luz do sol entrava pelas janelas, e eu ri da minha própria paranoia. Arrumei minha mala e decidi ir embora imediatamente. Ao alcançar a maçaneta da porta, vi um movimento pelo canto do olho. O espelho sobre a lareira refletia uma figura parada na entrada da sala. A silhueta de uma criança com um sorriso torto.

Girei o corpo. Não havia nada ali. Voltei-me para o espelho. A figura estava mais próxima agora, atrás de mim no reflexo, sua pequena mão pressionada contra uma superfície invisível. Corri para fora da cabana sem pegar minhas coisas e dirigi pela estrada de terra o mais rápido que ousava.

Semanas se passaram, e tentei esquecer aquela noite. Mas todo espelho que passo faz meu sangue gelar. No vidro escurecido, às vezes vejo apenas minha cabeça e ombros, e me pergunto se algo mais espreita além da borda do quadro. Tarde da noite, juro que sinto um sopro frio na nuca e o toque leve de uma mão pequena e úmida. Nunca voltei à cabana, mas nunca estarei livre do reflexo à meia-noite.

Tecnologia do Blogger.

Quem sou eu

Minha foto
Escritor do gênero do Terror e Poeta, Autista de Suporte 2 e apaixonado por Pokémon